Preocupação com notícia falsa fortalece mídia

A preocupação generalizada com notícias falsas e desinformação, por parte do público, vai fortalecer o jornalismo profissional em 2017. É o que dizem editores e executivos de veículos de mídia, segundo levantamento do Instituto Reuters (Oxford) com 143deles, de 24 países, em dezembro.

Um editor do "Irish Times", consultado na pesquisa, diz que a mídia de qualidade deve ser "mais afirmativa sobre seu jornalismo e como ele é feito, reportando sem medo ou favor, e articular os valores que sustentam esse jornalismo".

Se 70% veem na epidemia de notícias falsas uma oportunidade de diferenciação, 46% estão mais preocupados do que estavam no ano passado com o papel das plataformas na distribuição de notícias –e com o efeito delas, caso do Facebook, sobre seu modelo de negócios. Um editor digital, também destacado pelo relatório, afirma que "a indústria de notícias começa a acordar para o fato de que está tornando Facebook e as outras plataformas melhores, em prejuízo dela mesma, e é hora de refazer essas relações".

Dos editores e executivos ligados a jornais 33% dizem estar mais preocupados com a sustentabilidade financeira de suas empresas que no ano passado. Só8% se dizem agora menos preocupados.
E os mais pessimistas são de "organizações dependentes de publicidade", não de assinaturas. Para 2017, de maneira geral, os entrevistados dizem que vão priorizar outras variedades de financiamento, como pagamentos diretos do leitor (47%), vídeos patrocinados ou com publicidade (45%) e conteúdo patrocinado (42%).

Também nas previsões para o ano, haverá mais atenção a jornalismo conversacional", com 56% dizendo que o Facebook Messenger será importante ou muito importante para seus projetos fora do site; 53% dizem o mesmo sobre o WhatsApp, e 49%, sobre o Snapchat

CONFIANÇA

Na virada do ano, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) divulgou pesquisa que encomendou ao Ibope Inteligência, mostrando que no Brasil 60% dizem confiar sempre ou muitas vezes nos jornais. As taxas haviam sido de 58% em 2015 e 53% em 2014.

Com campo realizado em março e abril de 2016 e 15 mil entrevistados, o levantamento registrou taxas de confiança de 57% para rádio, 54% para TV,40% para revistas e apenas 14% para redes sociais.
Por outro lado, pesquisa da empresa global de relações públicas Edelman mostrou queda generalizada de confiança na mídia, governos e empresários. A queda foi de cinco pontos na "mídia tradicional", para 57%, e de três na "mídia social", para 41%.

Foram entrevistados 33 mil internautas em outubro e novembro de 2016, de28 países, inclusive EUA, China e Brasil. Para Richard Edelman, que faz o levantamento há 17 anos, "a crise de confiança começou com a recessão de 2008, mas, como ondas de tsunami globalização e a mudança tecnológica enfraqueceram mais a confiança nas instituições".


Fonte: Folha de São Paulo

 

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