O que você quer da sua empresa?

Eis aí uma pergunta interessante cuja resposta não é tão óbvia quanto se possa pensar. Por incrível que pareça, ao serem perguntados sobre o que querem de suas empresas, muitos empresários se dão conta de que não têm uma idéia clara do que querem ou, então, engatilham respostas do tipo "crescer bastante", "ter bons preços", "sei lá, ter um serviço de boa qualidade", "pagar as contas", e assim por diante.

– Não está faltando alguma coisa?  – pergunto-lhes.

Aí, por trás de uma ponta de mal disfarçada vergonha ou desconforto, aparece a resposta que deveria ter sido clara, pronta e espontânea:

– Seria o lucro?

– Claro que é o lucro, enfatizo eu. Afinal, é para ter lucro que se abre e se mantém uma empresa com tanto trabalho e tanto sacrifício pessoal. Este é o grande objetivo: o lucro.

– Quer dizer então que está tudo errado? – me perguntam na defensiva.

– Claro que não! – é o que respondo.  – Pelo contrário! Está tudo certo, só que bons preços, produtos adequados, serviço de boa qualidade etc. são meios de se chegar ao objetivo que é o lucro, e não objetivos em si mesmos.

Cuidado, pois, com o que você quer da sua empresa, que ela dá. E exemplos para ilustrar esta afirmação não faltam no meu dia-a-dia de consultor, já tendo eu em certa ocasião demonstrado para três sócios que a empresa estava-lhes dando exatamente o que eles queriam dela:  muito trabalho!

Outro exemplo curioso é o de um empresário do ramo de máquinas e ferramentas que me dizia não se conformar com uma certa indiferença dos seus empregados com relação ao responsável por contas a receber. Esses mesmos empregados pareciam vibrar quando lhes era entregue um cheque para que fossem efetuar um pagamento.

– Claro!    respondi eu. – Na primeira vez em que aqui estive, eu lhe perguntei o que é que você queria da sua empresa e você me respondeu: – Pagar as contas.

Um outro empresário montou um belo esquema para aumentar bastante as vendas de sua pequena gráfica e conseguiu que funcionasse. Só que as despesas cresceram o mesmo tanto que as receitas, continuando a empresa a ser deficitária. Faltou-lhe clareza de que o objetivo era melhorar os resultados das vendas, e que o aumento do volume de vendas era um meio de chegar ao ob­jetivo e não o objetivo em si mesmo.

Quando os meios são confundidos com os objetivos, pode-se descobrir, de repente, que as vendas aumentaram, ou que as despesas diminuíram, ou que a qualidade melhorou etc…etc… Isso pode não ter qualquer efeito sobre os resultados da empresa como um todo.

Somente quando se tem clareza de que o lucro é o real objetivo, é que se gerencia o negócio de forma a ter resultados financeiros concretos. Somente a partir daí os meios são reconhecidos como tais e usados de forma sincronizada e cons­ciente para obter melhores resultados de um aumento das receitas ou de uma diminuição das despesas.

Mas, cuidado!  Lembre-se de aumentar, ou de pelo menos preservar intacta, também, aquela parte não monetária do lucro representada pela sua satisfação pessoal. É ela que lhe dá forças e consistência para continuar lutando pelo aprimoramento de sua empresa.

Mesmo assim, não perca o resultado monetário de vista, pois o lucro total de uma empresa é igual à soma do lucro financeiro mais a satisfação pessoal dos que nela trabalham.

Quando os objetivos estão claramente definidos, os meios mais facilmente colaboram para se chegar ao destino desejado. Aí o bolso agradece. E o coração também.

(*) José Carlos Flesch é autor do livro O Lucro, a Empresa e Você (Editora Gente ) e consultor de empresas     www.novolucro.com.br      Tel/Fax: (11) 4169-8355

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