Agências começam o ano otimistas

Ao contrário do triste e apreensivo quadro envolvendo a mídia brasileira, marcado por endividamento, demissões, intervenções, descontinuidade de títulos, no segmento das agências de comunicação há um outro ambiente de mercado reinando. O ano começou promissor, com muito otimismo, vários negócios concluídos, e muito trabalho. Tudo isso, como se vê, muito antes de o carnaval chegar. Estão todos – ou quase todos – de mangas arregaçadas e pronto para encarar mais um ano de desafios e de crescimento. 

 

Tenho conversado pessoalmente com vários donos de agências nos últimos dias e é praticamente unanimidade o sentimento de que poucas vezes em nossa ainda curta história um ano começou tão bem, em termos de negócios, como 2003. Vários contratos, de todos os tipos e portes, envolvendo sobretudo as médias e grandes agências, estarão sendo anunciados nos próximos dias, por essas empresas. Praticamente todas apostam e se prepararam para um crescimento entre 15% e 20%, o que não é pouco, considerando-se que 2002 foi um ano bom para a maioria. 

 

É certo que houve uma pressão atípica nesse início de 2003, com realização de concorrências e assinaturas de contratos que ficaram represados lá atrás, por conta do cenário político e do medo do que aconteceria com o País numa eventual vitória de Lula. Ela veio, emocionou e mostrou que o País estava maduro para a alternância de poder, tranquilizando o meio empresarial. 

 

O detalhe é que os novos contratos não são apenas de assessoria de imprensa, como seria de se esperar, ou como ocorreria cinco, dez anos atrás. Há jobs de crise, projetos de relações públicas e eventos, pesquisas, media trainning, alguns relativamente polpudos e que certamente obrigarão as empresas a novas contratações. 

 

Uma delas, que caminha para figurar no mundo das médias agências – e que ali quer ficar, posicionando-se como líder das médias, e como uma grife – acaba de realizar um significativo investimento em novas instalações, para poder encarar pelo menos mais dois anos de crescimento. Não foi o único caso: no segundo semestre do ano passado, pelo menos quatro outras agências tiveram de deixar seus antigos endereços para ocupar novas e mais espaçosas instalações, em função do crescimento das equipes e de clientes. Uma delas, aliás, chegou a anunciar um surpreendente e atípico crescimento de 70% no ano. 

 

Mudanças desse tipo consomem R$ 50, R$ 100, R$ 150 mil reais, pois envolvem obras civis, projeto arquitetônico, modernas instalações, móveis de grife, tudo isso para gerar não só um ambiente confortável e eficaz de trabalho, mas também uma boa imagem da agência que terá, de resto, de cuidar da imagem de outrem. E aí não dá para ser casa de ferreiro espeto de pau, até porque o próprio negócio passa a correr risco. 

 

Só investe um dinheiro desse quem conseguiu se capitalizar e, mais do que isso, quem acredita na sua capacidade de empreender e no mercado. Afinal, para quem até dez, quinze anos atrás era um jornalista ou um relações públicas assalariado, investir em simples instalações um dinheiro que daria para comprar um apartamento de dois ou três dormitórios numa cidade como São Paulo, é um claro sinal de que os tempos, nesse segmento, efetivamente são outros. 

 

E é essa visão empresarial que tem contribuído para o crescimento expressivo das agências nesses últimos cinco anos. 

 

E isso – salvo engano – é só o começo, pois o mercado abre-se de forma espantosa e o setor por enquanto apenas arranhou a casca da laranja. Há muito mais por se fazer e por se comprar, sobretudo a hora em que o setor público descobrir que comunicação com a sociedade não se faz apenas via propaganda, como tem sido nas últimas décadas, mas sim com comunicação integrada, contemplando relações públicas, planejamento estratégico, objetivos institucionais etc. etc.
FONTE: Comuniquese

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