Reuters e BBC investem mais no País

A agência Reuters e a BBC estão ampliando seus investimentos no Brasil, numa clara demonstração de que a crise que afeta o mercado editorial local e algumas das mais importantes empresas de comunicação do País, nada tem a ver com um cenário mais geral da mídia mundial. 

 

A Reuters, por exemplo, no afã de reconquistar o mercado de jornais, após razoável período em que concentrou suas forças e atenção no segmento on-line, está anunciando o lançamento do Brazil Essencial, pacote que contempla dezenas de matérias internacionais (traduzidas) e muitas outras produzidas pelo time de repórteres e editores do serviço no Brasil, nas editorias de Geral, Mundo, Economia, Esportes e Cultura. Adriana Garcia, a editora-chefe do projeto, diz que o objetivo é oferecer o jornal do dia seguinte, um dia antes. O preço vai variar de US$ 200 para um jornal de 10 mil exemplares, por exemplo, a US$ 500 para um outro de 35 mil exemplares e assim por diante, permitindo que os veículos que comprarem o serviço façam ainda uso do material na internet. 

 

A Reuters tem algumas redações em capitais brasileiras, a maior delas em São Paulo, num belo prédio na Marginal do Pinheiros, ao lado do Credicard Hall. Mais do que uma agência de notícias, ela é hoje uma grande produtora e provedora de informações econômicas, área que lhe garante a maior parte do faturamento, e que, para ser atraente, precisa ter um bom volume de informações qualificadas.  

 

A filial brasileira é estratégica para a empresa, razão pela qual ela entregou ao diretor Mário Andrada e Silva, que até então comandava apenas a redação do serviço no Brasil, o comando editorial da empresa em toda a América Latina. Numa conversa com este Jornalistas&Cia, Mário Andrada disse que a agência quer expandir seus negócios, razão pela qual optou por investir na parte noticiosa. Um claro sintoma disso é a recente criação da editoria de Política, focada em macroeconomia, para dar mais e melhor as decisões do novo governo, cujo interesse extrapola a fronteira nacional.  

 

A empresa tem procurado diferenciar a cobertura, de modo a garantir sempre alguns furos jornalísticos diários no noticiário. Ao mesmo tempo em que garante, com isso, espaço nobre nas primeiras páginas dos principais jornais on-lines e de papel do País, mantendo o selo Reuters (assinando essas matérias) em local de destaque, esse material diferenciado e exclusivo também é um atrativo para os clientes que compram os produtos financeiros da empresa.  

 

Mário Andrada agora quer uma aproximação maior com as agências de comunicação, para ampliar o fluxo e a qualidade dos assuntos gerados por elas. Nesse sentido, e numa aproximação ensaiada com a Abracom, a associação que reúne as agências de comunicação, deverá promover dentro de algumas semanas um encontro de trabalho com colegas da área. 

 

Numa outra ponta, a BBC também aposta firme no País, com novos investimentos na BBC Brasil, o braço da organização responsável pela produção de programas de rádio e de um site de notícias internacionais em português. Com esses novos investimentos, a BBC Brasil – que já é associada a emissoras como CBN e Eldorado/Estadão – vai aumentar a sua programação de rádio para o Brasil. Além disso, o site também será ampliado, reformulado e relançado oficialmente em março, quando alguns diretores da empresa estarão visitando o País, em companhia de Américo Martins, diretor da BBC Brasil, e de Lúcio Mesquita, atual diretor para a região das Américas.  

 

Pouco antes, na primeira semana de fevereiro, Martins virá ao País para dar início a uma série de debates promovidos pela BBC Brasil em universidades de várias regiões. Os debates vão discutir jornalismo internacional e sinergia das mídias e reunirão vários colegas. Foram programadas etapas em oito universidades brasileiras, espalhadas por várias regiões: UnB, UFBA, UFMG, UFPE, Universidade de Londrina, USP, URFJ e Unisinos. Além disso, durante os debates a organização vai lançar um concurso para estudantes de jornalismo. O prêmio será uma visita/estágio de duas semanas na redação, em Londres. Os detalhes vão estar disponíveis até o fim do mês no www.bbcbrasil.com . 

 

Não é só isso não. A organização acaba de realizar prova seletiva para contratar três ou quatro jornalistas brasileiros para trabalhar em seu site e nas transmissões em português da rádio. Em São Paulo, essa prova foi realizada no último dia 14/1 por cerca de 30 jornalistas, mas sabe-se que houve provas também no Rio. Os aprovados serão chamados para entrevistas com o comando do jornalismo e com o RH da BBC Brasil no começo de fevereiro.  

 

O salário, como vocês verão, também é de dar água na boca: 2.200 libras esterlinas, ou o equivalente a R$ 11 mil, por mês. Só não é melhor porque esse é o salário bruto e o custo de vida em Londres, onde os contratados passarão a viver e a morar, é elevado. 

 

Outra notícia da BBC, é que ela fechou acordo com o SuperiG, portal de banda larga do iG, para transmitir com exclusividade toda programação da BBC World. O serviço é exclusividade dos assinantes do portal, que terão acesso a documentários, entrevistas, condições do tempo em diversos países e boletins econômicos e esportivos do canal inglês. Sem contar que a organização já mantém um outro acordo com o iG, que disponibiliza o material da BBC Brasil no seu portal. Mas o novo acordo não contará com material da BBC Brasil – até porque ela não faz tevê (ainda). 


FONTE: Comuniquese

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