Entrevista João Rodarte

O primeiro presidente da Abracom também está a frente de uma das maiores empresas do setor, a CDN. Segundo João Rodarte, a Abracom chegou no momento certo: de maturidade do setor. O grande desafio agora é trabalhar pela valorização do trabalho de comunicação.        

       

Porque as agências se uniram para criar a Abracom ? Como surgiu essa idéia?       

       

Começou no ano passado com contatos informais para discutir o nosso mercado. O setor cresceu muito nos últimos anos, é desorganizado e é um mercado relativamente novo. A grande maioia das empresas existe há 12, 15 anos. Isso em termos de desenvolvimento empresarial é um muito pouco. Nesses encontros, começamos a discutir alguns temas, mas ainda não existia a intenção de criar a associação. Começamos a discutir questões relativas ao nosso mercado, que precisavam ser resolvidas e organizadas. A associacão foi uma conseq?uência disso. Na verdade, nós começamos pelo o que nos unia, os problemas do setor. Depois, surgiu a Abracom.       

       

Desde quando o mercado de agências de comunicação começou a crescer?       

       

Começou a crescer com a abertura da economia, com a globalização. Tem também as novas necessidades das empresas, que hoje estão muito mais envolvidas com a sociedade, com a política, com as pessoas. Há 20, 30 anos as empresas eram isoladas. Hoje em dia, têm que dar outro tipo de resposta para a sociedade. E isso trouxe um trabalho novo, que as agências de publicidade não fazem. Acabou gerando negócios de comunicacão diferentes. Esse tipo de desenvolvimento é global. Tanto aqui, quanto na Europa e EUA aconteceu assim.       

       

A aceitação da Abracom pelas agências foi boa?       

       

Surpreendentemente boa. Chegou a ser bonita até. Todo mundo se integrou com uma rapidez. Um número grande de empresas aderiu. Tem grandes, médios e pequenos. A grande parte dos empresários nem se conhecia. A gente só sabia que concorria um com o outro. A Abracom foi boa até para as pessoas se conhecerem no mercado.        

       

Qual é o maior desafio da Abracom?       

       

O principal desafio da Abracom é vir com força, ser uma entidade represenativa. Temos de consolidar a nossa existência. A partir daí, é que a gente vai partir para outras ações, como por exemplo, conhecer melhor o mercado, conhecer as agências. Hoje, nós temos apenas estimatias. Nós precisamos consolidar os números do setor. Então, a primeira ação da Abracom é consolidar a própria existência e depois partir para o conhecimento do setor.        

       

Já existe alguma ação da Abracom consolidada?       

       

Existe. Nós estamos organizando a nossa sede. Depois vamos desenvolver alguns eventos para nos encontrarmos e trocarmos idéias em cima de temas que interessam aos associados. Outra coisa que está em pauta, é a criação de um Conselho de Ética. Nós temos de criar um código de ética para o setor. Essas são as nossas prioridades. A Abracom vai trabalhar pela valorizacão do do trabalho de comunicação.       

       

Você acha que esse trabalho não é reconhecido atualmente?       

       

É sim, mas tem que ser mais reconhecido ainda.        

       

Ainda existem empresas que não acreditam no trabalho das agências de comunicacão?       

       

Existe. As grandes empresas acreditam. É difícil uma empresa muito grande que consiga se isolar em termos de comunicação. Nas empresas mais modernas e globalizadas a própria organização interna privilegia a comunicação. Mas tem empresas que não pensam assim e continuam achando que precisam apenas de uma ajuda com a imprensa. É aquela coisa pontual. Algumas precisam de uma revista interna ou um site.       

       

Como a Abracom pretende mudar essa visão?       

       

Nós vamos dar uma visão do que as agências fato fazem. Vamos dar identidade ao setor. A Abracom vai divulgar o que as agências estão conseguindo fazer para seus clientes.        

       

No caso da comunicação, não é mais difícil mostrar os resultados do trabalho?        

       

É um grande desafio. Nós podemos mostrar, por exemplo, a importância da atuação de uma agência durante a crise de uma empresa. Podemos também ver o serviços que uma agência de comunciação prestou a uma empresa que abriu suas ações para o mercado. Divulgando os resultados do nosso trabalho, nós vamos sensibilizar os clientes e com isso nós estaremos abrindo o mercado para todo o segmento. Esse é o papel da Abracom.       

       

Porque as agências de comunicação não podem participar de uma concorrêcia pública?        

       

Não existe nenhum impedimento legal para isso. É uma tradição do sertor público contratar apenas agências de publicidade. A Abracom vai tentar sensibilizar o setor púlico para que nos veja como o setor privado vê. O setor público já reconhece a necessidade de se contratar agências de comunicação. Mas isso não existe na prática. Temos dequebrar essa tradição e isso é função da Abracom.       

       

E o que a Abracom pretende fazer para quebrar essa tradição?       

       

Antes de existir a Abracom, nós já fomos à Brasília muitas vezes conversar a respeito disso e fomos muito bem recebidos. O grande problema é quebrar a tradição, que é muito maior que qualquer impedimento legal. É um trabalho político que só pode ser feito setorialmente. Uma empresa sozinha não pode fazer isso. E o setor tem que estar organizado para influenciar, ter poder.       

       

Como está o mercado para as agências de comunicação?       

       

O mercado está muito bom. Existe um mercado comprador e uma demanada desconhecida. À medida que as empresas vão descobrindo novas necessidades, elas vão nos procurando para resolver essas questões.        

       

As agências de comunicação estão preparadas para atender essa demanda?       

       

A Abracom é até um resultado disso. O desenvolvimento das agências foi muito positivo e muito bom, nesses últimos anos. Mas tem que se desenvolver rmuito mais. Na medida em que se consolidar o profissionalismo nas agências, elas vão ser mais valorizadas no mercado. A palavra de ordem é profissionalismo.        

       

       

A Abracom chegou no momento certo?       

       

Claro, acho que não tinha condições de chegar antes. Se a Abracom surgisse há alguns anos, a concorrência entre as agências ia estar tão mais acirrada que a gente não ia querer muito conversar um com o outro. Hoje, há uma consolidação do mercado. Há segurança por parte dos empresários. Não é porque nós vamos estar conversando na Abracom, que um a empresa vai copiar a estratégia da outra. A competição está superada. O que nós precisamos agora é justamente nos unirmos para conseguir coisas novas para o setor.       

       

       

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