Ferramenta ou solução?

O mercado brasileiro de comunicação e relações públicas vem evoluindo muito nos últimos anos. Do lado dos prestadores de serviços, está em curso um processo de crescimento, profissionalização, sofisticação e ampliação do leque de serviços. O desembarque no Brasil dos grupos de comunicação e RP de atuação global, desenvolvendo parcerias, associações ou aquisições de agências brasileiras, intensifica e acelera este movimento. Novos produtos, novas práticas comerciais e de gestão empresarial começam a ser incorporadas, permitindo que os serviços brasileiros, que já eram de boa qualidade, estejam alinhados aos do Primeiro Mundo.  

  

Mas será que os consumidores dos nossos serviços acompanham essa evolução e amadurecimento? A resposta é sim e não. Sim porque, genericamente, todo mercado pressupõe a convivência harmônica entre prestadores de serviços e clientes. O mercado rejeita as experiências inconsistentes, separando bem a inovação do simples aventureirismo.   

  

No momento, vivemos um processo em que os prestadores de serviços estão à frente de seus consumidores. À frente porque o upgrade das agências ainda não foi claramente percebido em todas as dimensões, seja pelos clientes, seja por boa parte dos públicos e parceiros de negócios das agências. Os jornalistas, por exemplo, ainda se referem às nossas empresas como "assessorias".   

  

O cliente típico brasileiro, quando vai às compras, ainda sai em busca de uma ferramenta específica, seja ela assessoria de imprensa, uma publicação, um mídia training ou um website. Acaba contratando a ferramenta, mas momentos depois descobre que precisa de um projeto de relações institucionais ou de comunicação interna. E recorre a outros fornecedores, correndo o risco de provocar um processo de desalinhamento da comunicação, só superável à custa de muito esforço, tempo e conversa.  

  

Há uma diferença significativa entre ferramenta e solução. Uma solução de comunicação surge a partir de pesquisa e diagnóstico que consideram toda a complexidade da problemática de comunicação do cliente. Examina o contexto, os fatores e as variáveis internas e externas. Arrola todos os públicos envolvidos. Sugere posicionamentos, objetivos estratégicos e mensagens. E, por fim, define as ferramentas, as estratégias e as ações, mas o faz dentro de uma abordagem integrada e global que, se aceita, poupará tempo, dinheiro e energia do cliente.  

  

Em mercados mais desenvolvidos, como Estados Unidos e Europa, isso ocorre naturalmente. A partir de um projeto completo, o cliente define com o seu fornecedor as prioridades e a estratégia de investimento. Mas as necessidades estão todas lá, o roteiro de trabalho está desenhado e os resultados aparecem no mercado. No mercado publicitário, esta percepção é bem mais evoluída. Ao encomendar uma campanha, o cliente não pré-determina como ela deverá ser feita. Ele sabe que a agência terá competência para montar o mix adequado de mídias e ferramentas. Não existe o mesmo abismo entre o PIB da propaganda e o PIB das relações públicas em mercados desenvolvidos. Os valores são mais equilibrados, não obstante as práticas de relações públicas terem o mesmo potencial de benefícios e retorno que o do mercado brasileiro. Mas estamos evoluindo muito na qualidade e sofisticação dos serviços. Resta agora às agências que protagonizam essa evolução traçarem uma agenda conjunta que lhes propicie retorno dos investimentos já realizados e crie condições para novos saltos qualitativos.  



  

  

  


FONTE: Revista Comunicação Empresarial

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