6º Verso e Reverso da Comunicação Interna

Reconexões – Qual o lugar do humano na comunicação?

“Reconexões: Qual o lugar do humano na comunicação?” foi o tema principal do evento da Abracom, que questionou as mudanças recentes causadas pelo grande avanço tecnológico e como o ser humano se diferencia das máquinas e posiciona-se no mercado nas circunstâncias atuais.

O 6.º Verso e Reverso da Comunicação Interna aconteceu em 21 de setembro de 2018, na ESPM Tech. O evento é organizado pelo Grupo de Trabalho de Comunicação Interna da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom). O Verso e Reverso se destaca pelo formato diferenciado, que incentiva a participação do público por meio de dinâmicas em grupo. Na programação, um Workshop Colaborativo e um Painel de Tendências.

A discussão é um desdobramento dos temas debatidos nas últimas edições do Verso e Reverso. Em 2017, o evento teve como premissa a reflexão sobre a comunicação além dos aplicativos, com dinâmica sobre design thinking e storytelling. No ano anterior, o tema foi “Qual será o Uber da comunicação interna nos próximos anos”, que abordou a necessidade de inovação para acompanhar o novo e complexo momento da comunicação.

“Escutando para transformar: um caminho para lidar com as pressões cotidianas da Comunicação” foi o estímulo para aplicar a técnica de escuta ativa, baseada na Teoria U neste ano, onde alguns participantes puderam abordar, voluntariamente, em pequenos grupos, uma inquietação relacionada a seu trabalho em comunicação. A aprendizagem vivencial foi comandada por Mônica Alvarenga e Marcelo Lopez. Tentando trazer a essência do que só o humano tem, uma dinâmica de mudança de lugar e toque nas pessoas, mostrou a energia e a empatia que as máquinas não possuem.

Em seguida, uma breve introdução sobre o foco do workshop Escuta Ativa, e logo depois iniciou uma dinâmica em grupo para gerar o aprendizado de ouvir e fazer perguntas sem criticar ou julgar, internalizar as histórias dos outros, visando a troca de experiências e, principalmente, o respeito ao próximo.

Pelo segundo ano consecutivo, o V&R começou com o Workshop Colaborativo. Desta vez, chamado de Escuta Ativa e conduzido por Mônica Alvarenga e Marcelo Lopez.

Mônica Alvarenga – Consultora em Comunicação e coach. Experiência em formação e desenvolvimento de equipes e líderes em comunicação, com ênfase em Escuta e Presença.

Marcelo Lopez – Consultor em Comunicação e Jogos Corporativos, especializado em Pedagogia da Cooperação e Metodologias Colaborativas.

Alinhados com o propósito do V&R desde sua primeira edição, os dois consultores fizeram provocações ao público, tirando-o da confortável posição de plateia. Primeiro, pediram que todos se sentassem às mesas para participar do workshop. Em seguida, pediram que todos escolhessem uma outra cadeira e mudassem de lugar. Nessa segunda formação, pediram que mudassem novamente, desta vez levando em conta um propósito. A mudança foi totalmente diferente. E a reação foi unânime: todos viveram a experiência de tomar uma atitude com ou sem propósito.

Aquecidos, os participantes ouviram os conceitos sobre escuta ativa. Puseram em prática esses princípios ao escolher uma pessoa da mesa para expor seu problema e compartilhar suas dúvidas. Os outros deveriam ajudar essa pessoa a pensar na solução do problema, sem dar conselhos, palpites, sugestões ou o que quer que seja. Apenas fazendo perguntas.

Se pudermos fazer uma nuvem de termos, o que vem à mente de quem participou é a relação que segue:

Humano

Solução mais humana

Limpar a mente

Faz pensar antes de agir

O silenciar diante dos gritos internos e externos

Metodologia aplicável à rotina de trabalho pessoal e à interação com equipes

Uma nova maneira de ver, ouvir e sentir

Mais propósito à nossa atuação

Método que desarma as pessoas

Traz o que está mais profundo e adormecido

Cria uma ação a partir de mais reflexão

O workshop permitiu a cada um mergulhar no silêncio para dar voz aos protagonismos que se quer enquanto profissional dentro de uma organização. Reflexões profundas que têm na sua origem uma escuta atenta do outro e de si mesma.

A partir da leveza de quem estava conduzindo a dinâmica, chegamos à nossa essência e isso nos trouxe a percepção de que nossos impulsos e sensações mais primitivas ajudam a construir ações e adotar atitudes que fazem a diferença. Buscar no nosso interior o que há de mais genuíno e humano permite estabelecer as bases para a construção de proposta, ideias e soluções que de fato estão a serviço do crescimento da organização na qual trabalhamos ou no projeto em que estamos envolvidos.

Alguns participantes disseram que aprenderam que é preciso dar um basta a nós mesmos, e eventualmente aos outros, para estarmos abertos à solução, sem egos, sem hierarquia, sem correria, sem barreiras, sem julgamentos.

O exercício pareceu complexo demais no início. Mas os relatos de quem apresentou o problema, feitos ao fim da dinâmica, mostraram que foi uma oportunidade de ajudar uma pessoa a ter mais clareza de ideias e vislumbrar uma solução, a partir de pequenos inputs feitos por colegas de mesa que, na sua maioria, não se conheciam.

Foi unânime: todos dizem que saíram transformados. Mais atentos aos detalhes, mais sensíveis ao outro, mais confiantes em ouvir a própria voz interior e, por mais contraditório que possa parecer, soltar o grito da ação.

O Painel de Tendências reuniu profissionais que atuam com tecnologia de ponta e relações humanas: André Luís Cardoso, especialista em engajamento na IBM, seguido de Fábio Pando, professor na ESPM e consultor em inovação. A finalização ficou por conta de Lawrence Koo, professor, engenheiro e comunicador.

Entre várias colocações, eles nos convenceram de que o melhor aprendizado é desapegar da forma como fazemos as coisas, como trabalhamos. O que é preciso é mudar nossos conceitos basais sobre comunicação e adotar a inteligência coletiva de forma inovadora para desenhar soluções aplicáveis ao novo mercado, cada vez mais complexo. A disrupção é fundamental para inovar. Em termos de comunicação interna, o conselho foi desde ter ciência da expectativa dos funcionários para detectar padrões e trabalhar habilidades, até a convergência de valores. Nada tão novo. O que é novo, é o acesso a dados sobre esse funcionário, que antes estavam dispersos e que hoje por conta da tecnologia, os algorítmos nos oferecem de bandeja.

Emprestando conhecimento da filosofia, os convidados nos incentivaram a colocar nossos objetivos além dos nossos horizontes. Essa pode ser uma atitude diária para assumirmos o desafio da transformação. Em termos de comunicação, significa construir conteúdos inéditos e interessantes para o outro, usar histórias e cuidar do design para ser atraente e sedutor. A tese é de que as funções criativas terão muito valor na sociedade do futuro. Daniel Pink escreveu sobre isso no livro O cérebro do futuro, a revolução do lado direito do cérebro de 2009.

Após cada um fazer sua apresentação aconteceu um debate, onde os três convidados do painel responderam às perguntas da plateia com a participação de Marcelo Lopez. A mediação ficou nas mãos de Claudia Zanuso, coordenadora do Grupo de Trabalho de Comunicação Interna da Abracom, responsável pela organização do evento.

A boa notícia é que estamos salvos! Sobreviveremos pela educação, pelo significado e pela meditação, algo distante ainda da inteligência artificial! Sabemos que comunicação interna é reflexo da gestão. Se é fato que a confiança gera conforto e espaço para o compartilhamento, podemos influenciar o modelo de gestão para que inclua verdadeiramente as pessoas, não só os processos de trabalho.

Confira o vídeo do evento

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