Na primeira palestra do seminário “As Redações de Terceira Geração”, que começou nesta segunda-feira (13/03), em Brasília, o jornalista Ethevaldo Siqueira, do jornal O Estado de S. Paulo, falou sobre o impacto da TV digital na multimídia brasileira. Profissional experiente, com dois prêmios Esso na bagagem, atuando no Estadão desde os anos 60 e atualmente especializado em novas mídias, Siqueira apresentou um painel explicativo sobre o funcionamento da TV digital, mas antes mostrou números e dados que revelam a escalada inexorável da Internet e da tecnologia na vida das pessoas. “Falar em futuro na comunicação é falar em interatividade total”, disse o jornalista logo no início. Em seguida mostrou que em 2002 a telefonia fixa, a telefonia móvel e a Internet haviam atingido seu primeiro bilhão de usuários no mundo. A diferença está daqui para a frente: enquanto a telefonia fixa tende a se estagnar, dentro de apenas cinco anos, a contar de agora, serão três bilhões de usuários de telefonia móvel e Internet. E em 2015, serão 4 bilhões, pelas projeções atuais o equivalente a mais da metade da população total que o planeta terá nesse ano, prevista para 7,5 bilhões de seres humanos. Falando somente na Internet, em 1990, existiam mundialmente 40 mil servidores em 22 países. No ano 2000, já eram 76 milhões de servidores nos Acompanhando esse crescimento, dentro de alguns anos teremos à disposição chips capazes de armazenar um terabyte (um milhão de bytes). A microeletrônica estará, então, atuando no campo da nanotecnologia. E logo teremos mais aparelhos celulares do que pessoas a tendência é de que cada usuário passe a ter mais de um telefone. Todos os números são impressionantes e apontam para uma coisa só: crescimento, queda de preços e democratização da Internet e das novas mídias. “Em termos de rede, por exemplo, estamos próximos de ter as redes pessoais: eu e meus aparelhos falando e se conectando uns com os outros celular, TV, computador, PDA”, comentou Siqueira. “E cada vez mais as pessoas terão as tecnologias disponíveis em casa”. Nos EUA, por exemplo, vinte milhões de pessoas já trabalham em casa ou em “qualquer lugar”, disse Siqueira, lembrando que a tecnologia traz mobilidade. “Eu mesmo sou um que só vou à redação do Estadão uma vez por mês. E isso porque meu chefe é legal e eu gosto de bater papo com ele”, brincou. Ao entrar no tema da TV digital, o palestrante mostrou o funcionamento do sistema. E deu como praticamente certa a escolha do governo brasileiro pelo padrão japonês assunto que deve ser definido nos próximos dias. “Como toda novidade que chega, a questão não é saber se é bom ou ruim. É como globalização: não há como evitar, gostando ou não. Temos é que saber nos adaptar. As questões são: é favorável ou desfavorável? Como usar?”, lembrou Siqueira. Ele explicou que a TV digital vai trazer a possibilidade de muito mais produção de conteúdos regionais, que poderão ser veiculados paralelamente aos conteúdos nacionais. O telespectador será capaz de escolher, programar, segmentar e personalizar sua programação. “A TV vai deixar de ser uma mera conectividade e passará a ser uma experiência de comunicação”, salientou. “Vejo que educação e entretenimento tendem a se fundir progressivamente”. Um dado, no entanto, não pode ser esquecido. “Uma pesquisa recente mostrou que 77% dos aparelhos de TV no Brasil são de 14 polegadas ou menores. Ou seja, a TV digital, neste início, ainda vai ser coisa de elite, sim. Mas o importante é que vai existir. E a tendência dos preços de aparelhos é cair”, disse Siqueira. O seminário internacional Imprensa Multimídia, sobre o impacto da tecnologia nas redações e o futuro do jornalismo, é promovido pela revista Imprensa e vai até quarta-feira (15/03). Fonte: Comunique-se |
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