Homenagem dos colegas do Diário do Grande Abc

Um colega refinado, sensível e inteligente



Escrever sobre alguém, nessa situação, é o clássico exemplo de sensação de inutilidade. Mas para alguma coisa há de servir. No mínimo para manifestar, em nome dos colegas de profissão do Diário, um pouco da tristeza provocada pela perda de Leonardo Blaz. É a mesma incômoda experiência vivida por tantos outros colegas, amigos, parentes e brasileiros que têm de enfrentar as conseqüências da violência cotidiana.



A passagem de Leo, como era chamado, pelo Diário está marcada por reportagens relacionadas a variados aspectos de interesse da editoria de Cultura & Lazer. Trabalhei com ele na condição de editor. Tinha especial preferência por música: MPB e pop internacional. Esperava um dia poder desvendar os segredos da música erudita.



Além disso, deu conta de pautas nas áreas de gastronomia, arquitetura, teatro, cinema, dança, artes visuais e literatura. Vibrava quando desafiado a ouvir CDs de cantoras brasileiras ? sua especialidade ? para depois entrevistá-las e questioná-las sobre nuances vocais, detalhes de gravações e shows, repertório, erros e acertos. Por meio dele, o leitor do Diário soube mais de gente como Maria Bethânia, Gal Costa, Leny Andrade, Elba Ramalho, Leila Pinheiro…



Na Redação, Leo foi referência para colegas em busca de informações sobre o mundo das artes em geral. E isso apesar de sua condição de repórter jovem e estreante. Refletia, assim, um apurado senso de percepção da sociedade, idealismo e a boa formação educacional que, como tem de ser, ultrapassa os limites das disciplinas curriculares. Leo se interessava por tudo no amplo cenário das artes: das manifestações populares mais elementares aos intrincados conceitos presentes nas chamadas obras cultas. Apreciava filosofia e se esforçava para entender os autores clássicos.



Quando saiu do Diário deixou saudade. Foi em busca das experiências insubstituíveis que o conhecimento de outras culturas proporciona. Foi à Nova Zelândia e voltou mais capacitado para atuar no Brasil. Estava animado e confiante em relação ao futuro. Refinado, dedicado, sensível e inteligente são traços nada exagerados em Leo. A saudade que deixa agora, no entanto, é pior. É irreversível.




FONTE: Diário do Grande ABC

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