Assessorias inovam e já faturam R$ 700 mi

Enquanto os veículos de comunicação passam por uma crise sem precedentes, demitindo a cada dia mais profissionais, as agências de comunicação, que têm como principal serviço as assessorias de imprensa, crescem na contramão do mercado. Nos últimos três anos, esse segmento cresceu 156%, faturando cerca de R$ 700 milhões. Para os próximos anos, a expectativa é manter um incremento de 30%, dando continuidade à tendência de diversificação de serviços. 

 

"Este é um mercado otimista", afirma Rodrigo Azevedo, CEO do portal Comunique-se . "As empresas de comunicação empresarial, como são conhecidas no mercado, estão sabendo aproveitar as oportunidades", acrescenta. A estimativa é que existam no País mais de mil assessorias de imprensa. Cerca de 4% delas são empresas grandes, muitas vezes com escritórios em mais de uma cidade, que não trabalham somente com a imprensa, mas com todo um leque de serviços de comunicação. "Estas empresas faturam mais de R$ 5 milhões ao ano e trabalham, geralmente, só com grandes clientes", explica Azevedo. Nas restantes, acrescenta Azevedo, a média é de receita é de R$ 500 mil por ano. 

 

São vários os motivos associados ao crescimento do setor. O principal é o maior reconhecimento desses serviços pelas grandes corporações. Para Rosana Monteiro, sócia e diretora da divisão de imprensa da Ketchum Estratégia , os assessores de imprensa estão sendo vistos de forma mais profissional pelos seus clientes.  

 

"Antes, eles esperavam mais o resultado. Hoje, eles participam do planejamento estratégico e de comunicação da empresa e investem mais em produtos que possam melhorar a própria qualidade do trabalho", ressalta. "As empresas estão entendendo a necessidade de ter uma comunicação mais aberta e profissional", acrescenta Andrew Greenlees, vice-presidente da Companhia de Notícia (CDN).  

 

Isso gera, conseqüentemente, uma maior busca por outros serviços. Apesar de as assessorias de imprensa serem o carro-chefe dessas agências, representando em média 70% da receita, as empresas estão buscando serviços complementares. Na CDN, por exemplo, líder no mecado nacional, com 60 clientes e um faturamento de R$ 20 milhões em 2002, um serviço bastante procurado é a ?Análise Editorial?, um estudo diário da posição dos clientes na mídia.  

 

Os produtos mais comuns oferecidos pelas empresas de comunicação empresarial são, além da de assessoria de imprensa, as de relações públicas, consultoria de imagem, marketing político, marketing cultural, comunicação interariva, publicações, clipping, entre outros produtos. Oferecendo boa parte deles, a CDN espera crescer 20% este ano. 

 

Outro fator que possibilita o avanço é que as verbas das grandes e médias empresas, antes destinadas quase que exclusivamente à mídia, agora também dividem espaço com a comunicação. "A comunicação toma lugar das agências de propaganda, pois até o marketing da empresa pode ser feito através da comunicação", avalia Monica Cintra, proprietária da Inédita Comunicação , empresa de médio porte com 10 anos de mercado e nove clientes fixos.  

 

Concorrência 

 

Além do maior conhecimento dos próprios clientes, existe mais um motivo para o surgimento de novas assessorias de imprensa: o poder de atração financeira que essa área exerce. Ou seja, além de ser um segmento dentro do jornalismo com faixas salariais mais altas, profissionais com boa "rodagem" no mercado investem no negócio, esperando acumular pequenas fortunas. "No entanto, existe uma prostituição muito grande nesse mercado", afirma Monica Cintra, da Inédita. "Pelo fato ser um mercado atraente e aparentemente fácil, muitos ?marketeiros? e até profissionais de comunicação despreparados abrem escritórios, denegrindo a imagem dos verdadeiros profissionais", diz.  

 

Essa situação, avaliam especialistas, pode levar a uma saturação no mercado. Na opinião de Maristela Masei, sócia-diretora do Grupo Máquina , que detém quatro empresas, entre elas a assessoria de imprensa Máquina da Notícia , isso de fato está ocorrendo. "Na verdade, existe uma guerra de preços, um canibalismo no setor, em função desse crescimento", afirma. 

 

E isso ocorre principalmente em São Paulo, onde está a maioria dos escritórios. Segundo Francisco Soares Brandão, sócio-fundador da empresa de comunicação que leva seu nome, a FSB , que possui uma filial na cidade, além de no Rio e Brasília, 30% da receita de R$ 12 milhões já vêm de São Paulo. "Hoje, já existe bastante oferta de profissionais no mercado", diz Brandão, que tem 70 clientes na sua empresa. 


FONTE: DCI

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