Não participei do MaxiMídia, megaevento realizado pelo Grupo Meio & Mensagem na última semana, em São Paulo, mas soube através de amigos que lá estiveram que numa palestra o publicitário e marqueteiro Nizan Guanaes fez uma revelação que muitos consideraram surpreendente: que as agências de propaganda não estão mais ganhando o dinheiro que ganhavam e que quem está ganhando agora são as agências de comunicação.
Estou vendendo o peixe como comprei e pode haver imprecisões na colocação, mas o espírito da informação serve para fazermos algumas reflexões, sobretudo em função do que este novo mercado representa atualmente.
Caso tenha feito mesmo esta afirmação, Nizan obviamente
exagerou e procurou criar uma cortina de fumaça sobre os chamados primos ricos, que efetivamente estão perdendo faturamento ao longo do tempo, mas que continuam muito mais pujantes em termos de faturamento do que as agências de comunicação – a distância ainda é quilométrica.
Há nessa colocação, no entanto, uma verdade: as agências de comunicação efetivamente cresceram e estão fazendo com que as chamadas relações públicas comecem a freqüentar não mais só a cozinha, mas também a sala de visitas das grandes corporações e do mercado em geral. Começam a disputar com maior firmeza e competência as verbas, fazendo com que os borderôs para a comunicação corporativa, para as ações de relações públicas, para a propaganda institucional cresçam e aumentem o faturamento de todo o segmento.
Peguemos o exemplo da FSB Comunicações, tradicional agência carioca dirigida por Chiquinho Brandão e Marcos Trindade, que está entre as cinco maiores do mercado e que vem buscando maior afirmação no mercado paulista, onde já está há cerca de cinco anos. Pois a FSB decidiu fazer uma super aposta em seu escritório de São Paulo, trazendo para dirigi-lo o colega Tom Camargo, que até recentemente foi diretor de Marketing e Comunicação do HSBC, e que já passou por cargos de direção no Grupo Abril, na Rede Globo e na Gazeta Mercantil, jornal do qual foi correspondente em Londres durante sete anos.
Não foi a única contratação: junto com ele chega Luíza Pastor, uma das mais renomadas colegas da área de economia, com passagens por cargos de edição e reportagem especial na Gazeta Mercantil, Dinheiro, Estadão, O Globo e Folha de S. Paulo. Luíza será diretora de atendimento. Juntos terão a missão de alavancar os negócios da agência e de dar suporte aos novos clientes que estão chegando, dois deles de porte e que serão anunciados nos próximos dias.
A maior do setor também está num novo momento. A CDN-Cia de Notícias está anunciando hoje ao mercado um rearranjo societário, com a saída de seu vice-presidente Comercial, Luiz Lanzetta, que vai presidir uma nova agência, com perfil inédito, voltada para o segmento de relações políticas institucionais. Lanzetta tem sua origem no jornalismo político, daí o desejo de criar uma empresa para fazer comunicação exclusivamente para a área política, com parceiros nacionais e possivelmente um parceiro internacional, com respaldo em áreas estratégicas como planejamento, administração e marketing.
Lanzetta deixa a CDN após quase dez anos, mas deverá manter fortes vínculos com os agora ex-sócios, inclusive em negócios conjuntos e complementares. Com sua saída, o presidente da agência, João Rodarte, anunciou três novos sócios saídos do próprio staff da CDN: Andrew Greenlees, Marília Stabile e Inácio Muzzi (que ficará sediado em Brasília).
Os três, mais João Rodarte (presidente e acionista majoritário) e Yara Perez são os cinco sócios da empresa. Outro detalhe: a CDN vem atingindo em 2002 todas as metas de faturamento estabelecidas pela área comercial e deverá fechar o ano com recorde de faturamento, consolidando sua posição de liderança no mercado.
É possível que pela primeira vez na história do segmento uma agência ultrapasse os R$ 20 milhões de faturamento anual.
Outra das grandes que tem se movimentado muito é a Máquina da Notícia, de Maristela Mafei, que se prepara para anunciar inúmeras mudanças até o final do ano, mudanças que envolvem marca, participação de diretores na sociedade e no resultado da empresa etc.
Não é pouco. Mas pelo potencial que tem esse mercado, sobretudo quando pensamos na área pública, pouco explorada e que movimenta alguns bilhões de reais todos os anos, dá para imaginar o caminho que as agências de comunicação têm pela frente.
FONTE: Comunique-se.com