No mundo pós-pandemia, essa forma de conexão das organizações com a sociedade também se agiliza e se amplia
*Escrito por Daniel Bruin
Você poderia imaginar que sua empresa fosse mergulhar de vez no mundo digital? E que, para chegar aos seus clientes, necessitaria como nunca da comunicação? Nós, da comunicação corporativa, já estávamos preparados para dar o salto da transformação digital, mas nunca poderíamos pensar que seria de um modo tão súbito e em meio a uma crise sem precedentes. Mas, de crise a gente entende. E de fazer conexões com os mais diversos públicos também.
A pandemia da Covid-19 nos colocou do dia para a noite diante do desafio de manter conexões de trabalho, negócios, educação e também as relações pessoais via aplicativos de mensagens, salas virtuais de vídeo e áudio. Distantes das atividades presenciais tivemos, todos, que encarar dificuldades com a tecnologia, até mesmo para os viciados em internet, para construir novos modos de interação. Se a educação, especialmente das crianças de até 10 anos, foi extremamente afetada, também os negócios foram impactados fortemente. Alguns segmentos continuam enfrentando dificuldades extremas, pela dependência quase total da presença de público, como é o caso de turismo e hotelaria. Mas, cada um a seu modo, os setores da economia foram encontrando novas formas de reconexão com seus públicos estratégicos. E essa conexão passou por uma velha conhecida das organizações: a comunicação corporativa.
Nosso trabalho sempre foi o de criar relacionamentos, zelar pela reputação e gerar conteúdos relevantes para os clientes das agências. Mas sempre foi uma atuação discreta, de bastidores, muitas vezes vista pelas empresas como parte final de um processo que se iniciava no branding e passava pela criação de campanhas publicitárias. A pandemia trouxe uma visibilidade inédita para a atuação de profissionais e agências que migraram rapidamente para o teletrabalho, sem deixar de atender às necessidades dos clientes em momento algum. No contexto de isolamento social e interrupção de atividades presenciais, o setor de comunicação corporativa ofereceu com agilidade opções de conexão. Gerenciando canais de atendimento, ajudando a criar estratégias de solidariedade das empresas com as perdas lamentáveis que a pandemia trouxe para a sociedade, organizando discurso e até ajudando na prática de ações de ESG, mantendo ativos os pontos de contato com consumidores que passaram a exigir com muito mais ênfase do que antes posicionamento das marcas, deixando clara a mensagem de que para comprar produtos e serviços queriam saber o que as empresas estavam fazendo para ajudar a mobilizar a sociedade no esforço coletivo de combater o avanço da pandemia.
Essa capacidade demonstrada pelo setor de comunicação corporativa não surgiu do dia para a noite, como a pandemia. Esteve e está baseada na expertise histórica dos profissionais e das agências. Somos muito mais do que assessores de imprensa. Mestres em prever e gerenciar crises, aptos para gerar conteúdos baseados em mensagens ao mesmo tempo profundas e criativas, conhecedores dos meandros da comunicação digital, trazemos do serviço de relacionamento com a mídia a capacidade de monitorar os mais diversos meios, captar tendências, diagnosticar problemas e encontrar soluções para manter com todos os públicos de interesse das empresas conexões de longo prazo. Somos gestores de relacionamentos e guardiões da reputação, um bem maior para uma organização em tempos de forte aceleração da circulação de informações, quando uma palavra mal encaixada, uma opinião equivocada ou até mesmo um silêncio que pode dizer muito mais do que milhares de caracteres. A sociedade exige das marcas posicionamentos firmes e constantes. E o cliente, a gente sabe, sempre manda.
Acreditamos que no pós-pandemia teremos consolidadas novas formas de relacionamento entre empresas e clientes. Claro que os meios tradicionais da publicidade e do marketing continuarão relevantes. Mas a comunicação corporativa será olhada e valorizada com outros olhos pelos gestores.
Daniel Bruin é presidente do Conselho Gestor da Abracom e sócio diretor da XCOM.