GTCI da Abracom
Depois de vivermos um momento em que o digital foi acelerado e a comunicação interna passou a ser vista com mais importância na maioria das empresas, vivemos hoje uma incerteza sobre o melhor jeito de trabalhar: remoto, presencial ou híbrido? Ou tudo junto?
O fato é que a experiência de trabalhar remotamente trouxe novas possibilidades e desafios para as pessoas e para a comunicação interna. A sondagem da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação –, envolvendo 163 empresas e agências de comunicação de todo o Brasil, detectou que 78,5% das participantes estão no sistema híbrido. Para Claudia Cezaro Zanuso (Ela She Ella), coordenadora do GT de Comunicação Interna da Abracom, esse estudo trouxe alguns aprendizados e reflexões:
- a manutenção da cultura não está diretamente ligada à presença na empresa, mas em comportamento e comunicação;
- é necessário investir em comunicação digital, porque a percepção é de que auxilia no trabalho;
- cocriação e participação do público interno no conteúdo da comunicação são fatores que geram engajamento, mas ainda influenciam pouco;
- liderança comunica: o líder é percebido como ponto de conexão entre empresa e colaborador porque humaniza a relação, influencia e orienta.
Na Sondagem GTCI da Abracom sobre engajamento no ambiente híbrido – junho 23 , foram feitas perguntas estruturadas em cinco dimensões que compõem a experiência do colaborador, segundo referência de Jacob Morgan e adaptação do GTCI: 1. Manutenção da cultura; 2. Espaço de trabalho e interações sociais; 3. Tecnologia; 4. Liderança e estratégia e 5. Influência interna.
A percepção é de que a cultura organizacional, mesmo em ambientes híbridos, depende do comportamento das pessoas. É o relacionamento humano que a torna mais ou menos presente. E a comunicação interna continua a ser uma forte aliada para que esse processo aconteça e gere engajamento das pessoas à marca. Apesar da evolução tecnológica dos meios de comunicação, as pessoas continuam valorizar o contato face a face e a valorizar a presença do líder. O que mudou forma as formas de interagir com o trabalho, com a inclusão de novos “espaços”.
Todos esses fatores nos levam a refletir sobre as mudanças estruturais e culturais que as empresas precisam implantar para atender às demandas de maior flexibilidade dos funcionários de hoje.
A Wunderman Thompson debate o conceito sobre o futuro do trabalho flexível, destacando as mudanças recentes na forma como as pessoas trabalham e interagem com esse universo, intensificadas pela evolução da tecnologia – e que não condizem mais com as regras determinadas no início do século XX.
As empresas inovadoras estão equilibrando a flexibilidade dos funcionários com as prioridades dos negócios, acredita John O’Sullivan. Como acontece com muitas coisas no mundo agora, o tema do trabalho flexível é extremamente polarizador. Alguns argumentam que o aumento do trabalho remoto e não linear é um dos poucos legados positivos da pandemia. Seus proponentes apontam para a mudança no equilíbrio da vida profissional, permitindo que nos concentremos mais em nossas famílias, amigos, hobbies e bem-estar mental, ao mesmo tempo em que nos ajuda a trabalhar de acordo com nossos próprios ritmos de produtividade individual.
No entanto, muitas das maiores empresas do mundo desejam o retorno aos escritórios, citando a importância da interação física e da cultura do local de trabalho. Outros também levantaram preocupações válidas sobre como o trabalho remoto afeta o desenvolvimento de funcionários mais jovens e aqueles focados na progressão na carreira.
A questão de como, onde e quando devemos trabalhar é uma situação em evolução que provavelmente será um cabo de guerra entre essas duas visões opostas durante os próximos anos. Mas em meio a esse cenário de fluxo, estão surgindo soluções mais sutis que tentam dar aos funcionários elementos de flexibilidade, compensando o potencial de possíveis desvantagens.
Uma pesquisa da McKinsey do ano passado destaca por que é tão importante oferecer flexibilidade aos funcionários. Descobriu-se que 40% dos funcionários globais dizem que a flexibilidade é o fator chave para determinar se eles estão felizes em permanecer em sua função atual.
Portanto, o desafio para as empresas é: como você pode construir uma infraestrutura que ofereça flexibilidade significativa para seus funcionários, sem canibalizar seus processos, cultura e resultados? Então, invista em comunicação interna e permita que de forma planejada e bem estruturada, as pessoas recebam informações para tomar decisões de acordo com a estratégia do negócio, interajam e sejam reconhecidas e valorizadas.