Marketing de influência sem mídia paga é só um sussurro no vácuo

Por Paloma Vega*

O marketing de influência, que já foi uma ferramenta revolucionária para conectar marcas e consumidores, enfrenta hoje um cenário de saturação e queda drástica do alcance orgânico nas principais plataformas digitais. Produzir conteúdos criativos e de alta qualidade é essencial, mas sem investimento em mídia paga, é como utilizar um filme premiado e exibi-lo apenas em um cinema vazio: o esforço simplesmente não alcança o público desejado. As redes sociais, em sua lógica comercial, privilegiam conteúdos patrocinados, reduzindo significativo o alcance orgânico a níveis quase irrelevantes para marcas e influenciadores.

Dados recentes confirmam essa realidade: no Facebook e Instagram, apenas cerca de 6,9% dos seguidores de perfis médios veem o conteúdo de forma orgânica, enquanto no TikTok, vídeos de influenciadores sem impulsionamento alcançam entre 5% e 10% do público potencial. Essa limitação natural do algoritmo obriga marcas a repensarem suas estratégias, adotando modelos híbridos que combinam PR, marketing de influência e mídia paga para garantir visibilidade e resultados concretos.

A eficácia dessa abordagem híbrida é comprovada por estudos que mostram que campanhas que unem influenciadores e mídia paga geram até três vezes mais conversões do que ações isoladas. Além disso, 78% das marcas que integram relações públicas, marketing e mídia relatam retorno sobre investimento (ROI) superior a 200%. Isso evidencia que a sinergia entre narrativas autênticas e impulsionamento estratégico é o caminho para o sucesso em 2025.

Para alcançar esses resultados, algumas estratégias híbridas se destacam:

– Boost inteligente: adotar dados para impulsionar posts estratégicos, aproveitando ferramentas como o Meta Ads Manager, que permite segmentar o público por interesses e comportamentos, aumentando a assertividade do investimento.

– Parcerias cross-department: integrar desde o briefing as equipes de PR (responsáveis pela narrativa), marketing (gestão orçamentária) e mídia (foco em performance), garantindo alinhamento e potencializando o impacto das campanhas.

– Micro-influenciadores + Paid Media: apostar em micro-influenciadores, que apresentam engajamento médio de 8,7%, muito superior aos 1,5% dos macro-influenciadores, e ampliar seu alcance com mídia paga, tornando a estratégia custo-eficiente e eficaz.

– Conteúdo evergreen repaginado: reutilizar conteúdos orgânicos de sucesso em campanhas pagas segmentadas, como fez a Sephora ao reciclar tutoriais de maquiagem para Google Ads, prolongando a vida útil do conteúdo e otimizando investimentos.

O marketing de influência exige um mindset ágil e adaptativo. Plataformas como TikTok e Instagram priorizarão conteúdos patrocinados em seus algoritmos, tornando o investimento em mídia paga não apenas um diferencial, mas uma necessidade estratégica. A inteligência artificial será uma aliada fundamental, identificando influenciadores alinhados às marcas e otimizando em tempo real a distribuição entre orgânico e pago.

Além disso, o conceito de PR 360º ganha força: a comunicação deixa de ser apenas relacionamento com a imprensa para se transformar na gestão integrada de narrativas multicanais, que incluem redes sociais, podcasts e comunidades online, ampliando o alcance e a profundidade do engajamento.

Um exemplo prático dessa abordagem híbrida é o case da L’Oréal em 2023, que aumentou em 40% as vendas de um novo skincare ao combinar posts orgânicos de dermatologistas com campanhas programáticas direcionadas a mulheres de 25 a 34 anos. Essa estratégia integrada, que une autenticidade e segmentação precisa, mostra o potencial real das estratégias híbridas para gerar resultados expressivos.

O sucesso no marketing de influência não será uma escolha entre orgânico ou pago, mas a capacidade de dominar a sinergia entre ambos. O desafio é cultural: os Chief Communications Officers (CCOs) precisam liderar a ruptura dos silos internos e adotar métricas híbridas que combinem share of voice com taxa de conversão, garantindo que a comunicação seja ao mesmo tempo relevante e rentável.

O trabalho com influenciadores deve, portanto, abraçar essa transformação para não ser apenas um sussurro no vácuo, mas uma voz poderosa que ressoa e converte no mercado cada vez mais competitivo e dinâmico de 2025.

 

Paloma Vega é Líder da Prática de Marketing de Influência na AND, ALL – Reputação e influência. Com três décadas de experiência em diversas áreas de comunicação corporativa, a executiva já atuou no atendimento de dezenas de marcas e empresas.

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