Miriam Abreu, do Rio de Janeiro
Embora se fale em bolha, nos cuidados que a economia brasileira deve ter para não passar por uma crise profunda, tão impactante quanto aquela que afetou o mundo no final de 2008 e ainda neste ano, as agências de comunicação acreditam que 2010 será um ano melhor do que
A Abracom vê ligação entre o otimismo de 94% das agências respondentes e os eventos que o Rio vai sediar nos próximos anos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. “Teremos outros eventos esportivos importantes que as pessoas pouco falam, como os Jogos Mundiais Militares e a movimentação para uma nova rodada da Rio 92 para debater o meio ambiente”, destaca o diretor-executivo da entidade, Carlos Henrique Carvalho.
O impacto da crise nos negócios e resultados
A maioria (86%) diz que a crise provocou impacto nos negócios. O número é um pouco menor do que o registrado na segunda rodada da pesquisa (89%), realizada em março. Em outubro de 2008, quando a crise financeira estava no começo, 53% foram afetadas.
Ao definirem que setores sofreram mais impactos, 56% apontaram adiamento de projetos, 32% negociação do fee na renovação do contrato e 31% no corte de contrato em andamento.
Faturamento
Apesar da necessidade de renegociação de fee, de reduzir custos, entre outros, 43% projetam um faturamento maior este ano do que em 2008. Para 29%, o faturamento será menor, enquanto 27% apontam que os números estarão nos mesmos níveis do ano passado.
Os números, diz a Abracom, são resultado de uma conjunção de fatores positivos, como a retomada do crescimento no segundo semestre, quando os clientes voltaram a investir em projetos de comunicação corporativa. Os dados são semelhantes aos do Anuário Brasileiro das Agências de Comunicação, que prevê um crescimento de 19,5% do mercado de comunicação brasileiro, pouco abaixo dos 21% registrados em 2008, com faturamento de mais de R$ 1,2 bilhão.
Cortes e contratações
Em 21% das agências, houve redução do quadro de colaboradores, mas 11% dizem que aumentaram o número de funcionários e o restante manteve o quadro estável. Se a demanda for aquecida pelas situações de crise no mercado, 41% planejam contratar.
Crise e projetos especiais
Projetos especiais para enfrentar os efeitos da crise ganharam destaque 69% apontam esta demanda. Na divulgação das pesquisas anteriores, a Abracom enfatizou que a criatividade das agências seria importante para manter os clientes. Muitas agências diversificaram seus serviços e mostraram que tinham soluções adequadas para o momento de crise financeira internacional.
Para 52%, a crise gerou oportunidade de negócios. Na segunda rodada, 50% disseram o mesmo, enquanto na primeira, 74% viram num dos piores momentos da crise uma forma de gerar receita.
“O gerenciamento de crise foi muito importante. Muitas empresas, além de se verem em ambiente de crise econômica, tiveram crise de reputação pelos mais diversos motivos. Elas precisaram mostrar confiabilidade para seus públicos”, explica o diretor. “Quando as empresas começaram a cortar, pensaram nas suas imagens, na confiança do acionista e do consumidor e passaram a investir mais neste item”, continua.
Aliás, o gerenciamento de crise é um dos três serviços mais apontados (por 12%) entre os mais promissores enquanto durar a crise econômica ele aparece em terceiro lugar, seguido por RPDigital/Ações online (25%) e assessoria de imprensa (20%).
Promessa das mídias sociais
“Boa parte das empresas que congelaram verbas este ano por causa da crise perceberam o crescimento e a importância de se investir em mídias sociais. Começaram, então, a despejar dinheiro nesta direção, o que gerou muito negócio e vai continuar gerando. Há uma tendência muito forte para este segmento”, diz Carvalho.
Embora a Abracom aponte que 35% a 40% do faturamento vêm de assessoria de imprensa e relações com a mídia, sabe também que a tendência é a diversificação. “2010 será o ano dois da rede social. As agências estão voltando sua atenção cada vez mais para o campo da comunicação digital”. A mídia digital, prevê a associação, será um dos destaques do próximo ano.
Trata-se, na opinião da Abracom, de uma questão de estratégia. O empresário está percebendo que não pode deixar de lado as ferramentas de relacionamento, como Twitter e Facebook. “O consumidor vai atrás de informações, de temas mais variados. Ele não quer saber só que o carro tem ou não, mas se ele polui, se a fabricante tem programa de responsabilidade social, preocupação com pós-uso do produto”, finaliza.
A pesquisa foi realizada com 85 agências, espalhadas por 11 estados brasileiros.
Fonte: Comunique-se
FONTE: C-se