Coitadinha da Comunicação Interna!

Izolda Cremonine*


 


Breves reflexões sobre questões que afligem clientes e agências que atuam na área de comunicação interna:


 


Cena 1. Briefing


O cliente já desenvolve ações de comunicação interna, muito embora não tenha a preocupação de analisar suas práticas anteriores como ponto de partida para planejar suas ações futuras. Situações como esta sinalizam que a empresa exercita um conhecimento puramente tático, através do qual as ações são vistas de forma isolada: o boletim, a intranet, a festa de natal e de aniversário da empresa, etc, não existindo um denominador comum amarrando todas elas.


Como conseqüência, ao solicitar um trabalho para sua agência, ele deseja apenas um orçamento que se enquadre em seu budget, sem levar em consideração a relação custo-benefício e, talvez, sem perceber se aquela ação é a mais indicada. O trabalho, então, tenderá a ser corriqueiro, sem muita criatividade, obedecendo fórmulas já conhecidas e, pior, executado a partir de uma visão não sistêmica.


O cliente pode ter bem definido o objeto do trabalho, mas não tem certeza sobre seu objetivo. Um briefing incompleto pode significar que a empresa não sabe exatamente o que quer com a sua comunicação interna – ela solicita orçamento e produção de um jornal, de um cartaz ou de uma festa, mas não tem bem definida a razão destas ações estarem sendo executadas.


 


Cena 2. Conceito de Comunicação Interna


A empresa não tem um amplo conhecimento sobre a abrangência, os limites e as principais características da comunicação interna – ela é muito mais que ações isoladas, tem uma função estratégica e precisa estar alinhada à visão empresarial.


O funcionário merece ser entendido como um aliado e um parceiro; ele é um porta-voz da organização e necessita ser engajado nas práticas culturais da empresa. Se o cliente acredita neste princípio, ele tem condições de utilizar a comunicação interna de forma estratégica, tornando a empresa conhecida e reconhecida pelo funcionário e, assim, transformá-lo em formador de opinião positivo.


Esta é a condição para a Comunicação Interna exercer seu papel de agente transformador e para tal, a empresa precisa saber o que ela quer e o que ela não quer com suas ações junto aos funcionários e seus familiares, estagiários e terceirizados.


 


Cena 3. Happy end


Existe clareza por parte do cliente sobre o assunto? Se não existe, ele pode contar com o apoio de sua agência para esclarecer suas dúvidas.


Existe consciência por parte da agência sobre os eventuais conceitos confusos estabelecidos pelo cliente? Neste caso, torna-se sua obrigação criar um ambiente favorável onde estas situações possam ser discutidas e esclarecidas.


O diálogo entre ambas as partes no que diz respeito à abrangência, limites e características da comunicação interna certamente tornará o trabalho mais eficiente e mais eficaz, bem como as próprias relações entre cliente e agência.


 


Caso contrário, coitadinha da Comunicação Interna!


 


Izolda Cremonine*


Jornalista, Publicitária e Relações Públicas.  Mestre em Comunicação e Mercado. Professora na ESPM e  FGV. É consultora em Comunicação e Marketing e diretora da C&M Comunicações. Ganhou os  Prêmio Aberje 2003 e 1985 por trabalhos realizados em comunicação interna para Multibras e Goodyear, respectivamente. 


FONTE: Izolda

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