Licitação da Secom é marco da comunicação pública no Brasil

Ciro Dias Reis*


 


A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República – SECOM, acaba de anunciar ao mercado o resultado da licitação que escolheu uma agência para trabalhar a imagem do Brasil no exterior. Um processo de concorrência que movimentou 13 empresas, com parcerias internacionais e propostas técnicas elaboradas por equipes de profissionais de alta competência.


 


O resultado final deu à CDN – Companhia de Notícias, uma conta anual de R$ 15 milhões e o enorme desafio de promover a imagem do Brasil junto aos investidores internacionais com o uso das estratégias e ferramentas das relações públicas. Mas é o mercado brasileiro de comunicação corporativa o grande vencedor desse processo.


 


A licitação foi aberta pela SECOM a partir de consultas públicas ao mercado já no mês de janeiro de 2008. No entanto, ela é resultado de uma forte movimentação das agências e da Abracom, que desde o ano de 2002 trabalham exaustivamente para que os Governos, no Brasil, tenham uma real política de comunicação corporativa.


 


A comunicação de Governo no país foi marcada historicamente pelo maciço investimento em propaganda, especialmente em anos eleitorais. Na comunicação corporativa, ações pontuais de assessoria de imprensa, em geral feitas a partir de subcontratação de profissionais por meio das contas publicitárias.


 


As constantes visitas à SECOM, bem como o diálogo com o Tribunal de Contas da União, resultaram na determinação dos auditores do TCU em recomendar expressamente a realização de licitações específicas para comunicação corporativa. A partir daí, a Embratur e o Ministério do Turismo desencadearam as primeiras licitações feitas com critérios voltados para a contratação de empresas do mercado, que passaram a ser muito mais do que meras fornecedoras de mão-de-obra.


 


Na SECOM, encontramos a partir de 2007 a firme determinação do ministro Franklin Martins, do subsecretário Ottoni Fernandes e da equipe de profissionais e assessores jurídicos, de inaugurar um patamar elevado de profissionalização das ações de comunicação do Governo.


 


Intenções que passaram à prática e resultaram na abertura do primeiro edital, agora concluído. Já estão em curso licitações importantes para a contratação de pesquisa qualitativa de imagem do Governo, e outra para comunicação digital.


 


É o começo de um investimento planejado em ações eficazes que visam dotar o Governo de uma política estruturada para comunicação corporativa. Ações que colocam o Brasil em linha com a prática internacional. Para ficarmos em dois exemplos clássicos, citamos o Reino Unido, que tem um comitê de agências de relações públicas contratado para trabalhar a comunicação de Estado em suas diversas áreas. E os Estados Unidos, onde a tradição das relações públicas permeia as ações do Governo, que no ano de 2005, dado mais recente do orçamento americano, investiu U$ 254 milhões em ações de RP em áreas como saúde, agricultura, assistência social e comércio exterior.


 


Podemos também nos comparar com a Colômbia, que tem agências de comunicação em diversos países, trabalhando sua imagem junto a investidores. Ou Panamá, Singapura, Dubai, México, Chile e diversos outros países, que investem em programas consistentes de comunicação.


 


Acreditamos que o fim do processo de licitação da SECOM é o começo de uma era de fortes investimentos do Governo Federal, que se irradiará para governos estaduais e municipais, e para os poderes Legislativo e Judiciário, para criar definitivamente uma cultura de comunicação pública a serviço de um diálogo aberto e constante entre o poder público e a sociedade.


 


* Ciro Dias Reis é presidente da Associação Brasileira das Agências de Comunicação – Abracom.


 


FONTE: Abracom

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