Alienígenas brasileiros invadem Nova York

Fábio Betti


 


Além de muitas referências e alguns insights interessantes, captados na conferência internacional da IABC (International Association of Business Communicators) realizada em Nova York de 22 a 25 de junho, foi, curiosamente, a música de um inglês que me inspirou a escrever este artigo que, aliás, não tem nenhum propósito de fazer qualquer tipo de cobertura jornalística – quer saber o que aconteceu na conferência? Vá direto à fonte: www.iabc.com. O combustível criativo deste texto surgiu da constatação que, entre os parcos 20 brasileiros presentes entre os mais de 1.700 participantes, eu era o único representante de agência, o que me faz crer, como canta Sting na linda canção “Englishman in New York”, que eu realmente devia ser uma espécie de alien, um alien brasileiro perdido em Nova York.


 


Éramos apenas 20 brasileiros representando um país que se orgulha tanto de fazer uma comunicação empresarial de excelência internacional. Estávamos ali, em pleno coração de Manhattan, para assistir a palestras de consultores de várias partes do mundo e participar de workshops conduzidos por nomes de peso, na conferência anual da IABC 2008. A IABC é uma das maiores associações do mundo em se tratando de comunicação de negócios, com mais de 17 mil membros, em sua grande maioria, pessoas físicas, que trabalham tanto em grandes organizações como em agências de comunicação de pequeno e médio porte e que encontraram na instituição uma oportunidade de aprender novos conceitos e práticas, trocar figurinhas e ampliar sua rede de relacionamentos em âmbito global.


 


Entre os brasileiros, representantes da ABERJE (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) e de empresas como Merck Sharp & Dohme, Baxter, Embraer, Gerdau, Embraco, Vale e Petrobrás. Eu já ia me esquecendo deste que vos fala, solitário representante do segmento de agências de comunicação de nosso pais, que, estranhamente, ainda não acordaram para o fenômeno IABC, uma associação que produz uma quantidade bastante razoável de conhecimento técnico sobre a atividade de comunicação empresarial e propicia o contato com grandes expoentes da área, como o “guru da comunicação face-a-face” T.J. Larkin, que fechou a conferência de 2006 em Vancouver, e “gurus da era digital” , como Nicholas Negroponte, também conhecido como “Mr Wired”, por ter fundado uma das publicações sobre tendências mais importantes do mundo, e Seth Godin, considerado o “grande agente de mudanças” da hora, ambos presentes na edição deste ano.


 


Se as agências brasileiras ainda não dão bola para a IABC, a IABC mostrou claramente que está dando uma bola danada para o Brasil. E o primeiro sinal desta, aparentemente, repentina visibilidade que a comunicação brasileira conquistou perante a IABC veio de sua própria presidente executiva, Julie Freeman, que, depois de convidar os brasileiros para participar de um focus group com membros da região latinoamericana, confessou para mim que vem acompanhando o Brasil de perto desde que esteve aqui em outubro, em um evento fechado promovido pela Vale. Aliás, vem da Vale o primeiro brasileiro a compor o board da IABC – Paulo Henrique Soares, gerente geral de comunicação interna da mineradora, que também conduziu o focus group realizado antes da abertura da conferência e que contou com a participação de 15 profissionais de países como Brasil, Honduras, El Salvador, Méxco, Peru, Chile e Argentina. Na pauta, o que fazer para a IABC crescer em toda a região.


 


E o Brasil, pela primeira vez na história das conferências internacionais da IABC, realizou três palestras. Vale, Embraco e Petrobrás contaram seus cases de comunicação a uma platéia que, com exceção dos brasileiros, teve que acompanhar as apresentações por fones de ouvido. É que nossos palestrantes bateram o pé e fizeram suas apresentações em sua língua natal, da mesma forma como costumam fazer os colegas estrangeiros quando visitam nosso país.


 


Infelizmente, no entanto, não foi apenas o Brasil desenvolvido que apresentamos em Nova York. Aparecemos também nos planos do projeto de Nicholas Negroponte, One Laptop Per Child (OLPC), que, todos sabem – ou deveriam saber – pretende distribuir laptops “populares” às crianças carentes dos países mais necessitados do mundo; e também fomos incluídos no “The Worlds Childrens Prize For The Rights of The Child”, um projeto que tem como embaixadora a simpática rainha Sílvia, da Suécia, e que procura alertar o mundo sobre as injustiças e atrocidades cometidas contra as crianças – mais uma vez olha nós aí! – nos países mais pobres do mundo. Mas o pior mesmo foi se deparar com uma quantidade enorme de brasileiros nas ruas de Nova York, que, ao invés de aproveitar a Big Apple para curtir os clássicos shows da Broadway ou um renovador banho de cultura em museus fantásticos como o Moma e o Metropolitan, eram vistos sempre entrando e saindo de lojas, carregados de sacolas. Vai que o dólar sobe de novo…


 


Você encontra outras impressões, dicas e insigths sobre o que de mais importante aconteceu ao longo da conferência no endereço www.novacia.com.br/blog. Acesse o blog e, por favor, não haja como um alien: apareça, deixe o seu recado e, por favor, em português.


 


Fábio Betti é diretor de novos negócios da Novacia, blogueiro freqüente e alienígena ocasional.


FONTE: IABC

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