Seja como for, estamos num cenário que é o mundo e o mundo está em crise. O que nos resta fazer?
Há duas formas de encarar tudo isso e nos posicionarmos diante do futuro que virá: o primeiro deles é assumir que estamos, de fato, num cenário de crise e o outro é entendermos que, possivelmente, o que estamos vivendo é uma evolução profunda do sistema econômico e da nossa indústria.
No primeiro caso, corre-se seriamente o risco da imobilidade. Crises tendem a paralisar nossas ações ou ainda estimular a crença de que elas passarão. Pois esperar que elas passem nada mais é do que uma outra forma de imobilismo.
No segundo caso, constrói-se a possibilidade de uma tática e uma estratégia dinâmicas, que tenham na adaptação aos novos paradigmas o grande e maior desafio para as empresas.
Há hoje algumas teorias nascentes na academia e nos centros criadores das práticas de gestão empresarial, que entendem que a instabilidade, as incertezas, a insegurança dos investimentos, a redução das margens, enfim, todo aquele conjunto de sintomas que poderíamos perfeitamente chamar de crise, não passam das novas, permanentes e duradouras características da nova ordem. Uma nova ordem que se fundamenta na transformação e que seguirá sendo desafiadora sempre e sem tréguas. Um alvo permanentemente móvel, num cenário permanentemente em mutação.
Seja qual for a postura das empresas do setor de comunicação empresarial e de assessoria de imprensa, cabe aqui ressaltar que também para elas será indispensável à integração com os padrões mundiais dessas atividades. A busca de qualidade passará, necessariamente, pela observação do que se possa qualificar como "world class", ou padrão de alta qualidade mundial, para as técnicas e práticas desses setores. O intercâmbio, a parceria e, em alguns casos, a associação com o capital estrangeiro, deverá freqüentar a pauta do segmento em alguma medida e com alguma profundidade, tanto no presente, como no curto prazo.
A incorporação das novas tecnologias que viabilizem a agilidade e a maior eficácia de suas operações, dispensável dizer, será igualmente fundamental. Mais e mais as empresas do segmento deverão dominar os sistemas e as plataformas digitais, que transformam a cada dia a sua atividade numa coisa nova e, possivelmente, mais evoluída.
Meu tema aqui foi "Cenários da Comunicação Brasileira em Tempos de Crise Mundial".
Penso que acabei desenvolvendo melhor um sub-tema: "Comunicação Brasileira num Cenário Internacional em Crise". É parecido, mas sutilmente diferente. A maior diferença é que podemos hoje entender que não há cenário de maior relevo para a comunicação brasileira do que o grande cenário internacional, do qual ela passou, inapelavelmente, a fazer parte.
Cabe a nós, empresários, executivos e profissionais brasileiros, que produzimos um padrão de comunicação respeitada e premiada internacionalmente, seguirmos ocupando nossos espaços com talento e criatividade. Mais que isso, caberá a nós mostrar que a melhor forma de convívio entre o internacional e o local é o respeito aos valores e origens do país e dos nossos negócios.
Indispensável frisar também, voltando ao início de minhas considerações sobre a proximidade dos meios de comunicação do foco e da origem da notícia – como acontece na Guerra do Iraque hoje – que a manutenção dos mais rigorosos critérios de idoneidade e credibilidade permanecerá sendo um valor fundamental em nossa atividade. No caso do conflito em curso, o que temos observado é que dependendo da fonte a qual nos remetamos em busca da informação, o que vamos encontrar é uma versão filtrada dos fatos, dependendo do interesse diretamente envolvido em sua divulgação.
Não há, nem deverá haver tecnologia ou motivo ideológico suficientes que possam justificar uma comunicação que tenha perdido seu compromisso com a isonomia e a credibilidade. Será também essa uma das nossa das trincheiras a serem defendidas hoje e no futuro do nosso negócio.
Se essas premissas são verdadeiras, será de primordial relevância o papel da comunicação empresarial e de assessoria de imprensa, veias e vasos comunicantes desse moderno mercado dos negócios, em que todos nós estaremos co-habitando, de agora em diante.
Obrigado
FONTE: Salles Neto, presidente d Grupo M&M