Estudo realizado pelo Movimento Mente Em Foco em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD) ainda aponta que 62% dos brasileiros dizem não ter recebido suporte de saúde mental onde trabalham
Pesquisa inédita realizada pelo Movimento #MenteEmFoco em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD) mostra que mais da metade dos brasileiros acredita que sua saúde mental piorou desde o início da pandemia. Além disso, 62% dos entrevistados disseram que o lugar onde trabalham não ofereceu suporte relacionado à saúde mental durante a pandemia da Covid-19.
Com foco na saúde mental da população, a pesquisa perguntou aos entrevistados quais das reações surgiram ou aumentaram desde o início da pandemia: sentir-se nervoso, tenso ou preocupado lidera o ranking com 70% das menções, seguido por sentir ansiedade acentuada frequentemente (55%) e sentir o estresse acentuado (51%). Além disso, sentir-se cansado o tempo todo com facilidade e sentir-se triste com frequência empataram em 49% das citações. Em 47%, houve perda de interesse pelas coisas, e em 46% dificuldade para realizar com satisfação as atividades diárias.
Foi solicitado aos entrevistados que classificassem quais dessas manifestações surgiram ou aumentaram durante a pandemia. De 12 queixas de saúde mental listadas, apenas 16,7% das pessoas não tiveram nenhuma queixa, enquanto 5,8% tiveram todas as 12.
Em um extrato sociodemográfico foi possível observar que jovens até 34 anos possuem uma média de 6,6 sintomas, enquanto acima de 34 anos, há uma queda chegando a 4.3 manifestações expostas. Também observou-se que os mais propensos a sentirem sintomas ligados a transtornos mentais são mulheres. Ainda foram identificados como mais vulneráveis pessoas não economicamente ativas e integrantes das classes sociais C, D e E.
Quase 30% das pessoas afirmaram que tiveram dificuldade em desempenhar alguma função no trabalho ou atividade profissional, por não estar se sentindo bem mentalmente. No entanto, mesmo com essas dificuldades, 57% dos entrevistados disseram não ter procurado ajuda. Além disso, 91% não estão fazendo nenhum acompanhamento de saúde mental atualmente.
Com relação ao diagnóstico de transtorno mental, 82% disseram que não foram diagnosticados. No entanto, 6% afirmaram terem sido diagnosticados com um transtorno mental já identificado anteriormente e 5% com um novo tipo. E do total, 8% não souberam ou preferiram não responder. Dos diagnosticados, 59% foram identificados com transtorno de ansiedade generalizada, 52% com depressão, 13% com fobia social ou transtorno de ansiedade social, 9% com transtorno obsessivo-compulsivo, 4% com fobia específica, 2% com dependência química, e 7% preferiram não especificar.
O diretor executivo do IBPAD, Max Stabile, afirma que a pesquisa mostra um cenário já esperado sobre a saúde mental dos brasileiros, mas os números preocupam bastante. “Os dados são preocupantes. Além de estarmos vivendo a maior crise sanitária da nossa época, com fortes consequências econômicas, estamos passando por uma crise na saúde mental da população. Precisarmos ter empatia e cuidado com quem convive e trabalha com a gente”, destaca.
Em meio ao cenário de pandemia, a Rede Brasil do Pacto Global da ONU e a InPress Porter Novelli, em parceria com a Sociedade Brasileira de Psicologia, lançaram em abril de 2021 o #MenteEmFoco, movimento que convida empresas e organizações brasileiras a reconhecer a importância da saúde mental no ambiente de trabalho e a agir em benefício de seus colaboradores, e da sociedade como um todo, para combater o estigma e o preconceito social ao redor do tema. Desde o seu lançamento, mais de 30 empresas já se tornaram signatárias do Movimento, atingindo mais de 200 mil colaboradores.
De acordo com Carlo Linkevieius Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, esses números da pesquisa mostram que a pandemia tem causado inúmeros efeitos na saúde mental dos brasileiros. “O Movimento Mente em Foco encoraja e ajuda as empresas a estabelecer ações concretas e duradouras de suporte psicológico aos seus colaboradores. Surgimos num momento crucial em que precisamos acabar com o estigma social e dar ainda mais visibilidade a esse tema. Acreditamos que criar um ambiente de trabalho saudável do ponto de vista emocional tem que ser prioridade e fazer parte da estratégia de negócios dentro das instituições”, reforça Pereira.
A pesquisa foi realizada com 1.009 pessoas de todos os estados brasileiros, entre os dias 30 de junho e 13 de julho, em uma amostra que reflete a população no País com uma margem de erro estimada de 3 pontos percentuais, em um intervalo de confiança de 95%. Devido a pandemia, as entrevistas foram feitas em um painel online com convites distribuídos de forma aleatória.