Há tempos estamos comentando neste espaço que as melhores (e quase únicas) boas notícias de nosso mercado nos últimos meses estão vindo do mundo da comunicação corporativa, mais especificamente das agências de comunicação. E isso continua a acontecer, como bem o demonstra a edição impressa deste Jornalistas&Cia, distribuída às quartas-feiras por assinatura, para redações e assessorias (bragliajr@superig.com.br). Nela, algumas das notícias mais importantes são as que dão conta da migração de vários colegas (alguns gozando de grande prestígio no mercado) para o chamado outro lado do balcão.
Esse foi o caso, por exemplo, de Paulo Totti, um dos mais experientes e reconhecidos jornalistas do País, recentemente demitido da Gazeta Mercantil por sua atuação na coordenação do movimento dos funcionários na defesa do pagamento dos salários e outros direitos trabalhistas.
Ele acaba de ser seduzido por uma proposta do BNDES para ser assessor especial da Presidência e lá começa no dia 6 de março, logo depois do carnaval, a convite do presidente Carlos Lessa. Totti tem toda uma história de vida na grande imprensa e só de Gazeta Mercantil contabilizou muitos anos, incluindo os que passou no exterior. Era o editor executivo, sendo o terceiro na hierarquia editorial da redação. Muito triste com tudo o que viu e ouviu por lá e com perspectivas sombrias em relação ao mercado como um todo, aceitou o convite do BNDES certamente por ver nesta uma oportunidade estratégica e um novo desafio profissional. Totti chega quase ao mesmo tempo que Paulo Jerônimo de Souza, o Pagê, este sim, já com larga tradição no setor de assessoria e que havia trabalhado anteriormente no próprio BNDES, de onde estava licenciado. Agora regressou para assumir o comando da área de comunicação e imprensa.
Outro caso emblemático é o de Carlinhos de Oliveira, colega que também deixa as lides da Gazeta Mercantil para migrar para a comunicação corporativa, a convite da agência Máquina da Notícia. Carlinhos tinha cinco anos na GZM, primeiro como editor da Latino-Americana e depois como editor no núcleo de Internacional do jornal e da Weekly Edition e das International Special Edition. Antes, foi por oito anos editor no jornal O Estado de S. Paulo (Nacional, Geral, coordenador dos cadernos de Cidades e Geral, editor de domingo e editor de cadernos especiais) e por 16 anos da Folha de S. Paulo, onde fez carreira, iniciando-se como repórter até chegar a editor. Na Folha, além de repórter de Cidades e de Política, foi chefe de Reportagem na Agência Folhas, editor-assistente de Cidades, de Política, chefe de Reportagem de Economia, redator da Primeira Página, editor-assistente de Economia e editor-adjunto de Economia. Uma carreira, como se vê, inteiramente dedicada às redações e que agora será colocada a serviço da comunicação corporativa, filme visto já tantas vezes.
A Gazeta Mercantil, aliás, é hoje o grande celeiro de profissionais para as agências em fase de expansão. Além de Totti e Carlinhos vários outros já migraram e continuam migrando. Caso de Paulo Henrique Souza, que vai começar logo depois do carnaval na assessoria do Unibanco, passando a responder pela comunicação dos produtos de Atacado.
Querem mais um exemplo? Andréa Cordioli (outra ex-Gazeta Mercantil) está começando na assessoria de imprensa da Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa, ocupando a vaga que foi anteriormente de Bob Jungman. Mesmo com convite para permanecer em redação, ela preferiu ir para o outro lado do balcão, atraída pelo convite de Bianca De, com quem vai trabalhar e, obviamente, pela segurança do novo emprego e condições de trabalho, o que hoje, efetivamente, quase não mais existe nas redações.
Os exemplos multiplicam-se também para colegas de outros veículos, como Leonardo Teshima (ex-Citibank, Folha e Valor Econômico), que está de mudança para a África do Sul, convidado a assumir a Vice-Presidência do Grupo Soico, responsável por diversos meios de comunicação no País, inclusive a STV, principal televisão sul-africana.
Hélio Perazzolo, que já foi do Estadão, do Jornal da Tarde e da International Press, assumiu no começo do mês a assessoria de imprensa do Conselho Regional de Economia de São Paulo. Hélio é o caso do profissional híbrido com passagens pelos dois lados. Em assessoria esteve por dez anos cuidando da divulgação da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) e agora, no Corecon-SP, assume uma função que permaneceu inativa por um ano.
Outro nome de prestígio que migrou tempos atrás para o mundo das assessorias e que lá continuará, ao menos por mais algum tempo, é Gabriel Nogueira (gabriel.b.nogueira@caixa.gov.br) que está trocando o Rio por Brasília e lá assume a assessoria de imprensa da Presidência da Caixa Econômica Federal. Nogueira foi repórter especial do Estadão por dez anos, editor executivo do projeto de reforma de O Dia, e criou, em 1999, a On Line, agência independente para distribuição de notícias pela internet, uma das pioneiras no País, nesta modalidade. No ano passado, foi assessor da Secretaria de Segurança Pública do RJ.
FONTE: Comuniquese