Práticas e Estratégias
Brunet, Paulo (1)
Caetano, Maurício (2)
Gomide, Thiago (3)
Prado, Mônica (4)
Cada vez mais entidades do mundo todo percebem que
Dentro do campo da comunicação, o jornalismo tem destaque pelo poder de colocar ou omitir um assunto para ser debatido na sociedade, via espaço público mediático e agendamento. Isto significa que
Esse despejo de informações, quando não gerenciado, pode ser muito perigoso para instituições ou pessoas públicas. Saber lidar com os profissionais da mídia e conhecer as peculiaridades do segmento e suas rotinas produtivas são fundamentais para que as organizações não sejam massacradas por notícias que comprometam a credibilidade ou para que não sejam simplesmente esquecidas no meio de tanta informação. Daí surge a importância de uma área que ganhou destaque dentro das estruturas corporativas nos últimos anos: a assessoria de imprensa.
Como descrito no Plano de Comunicação Social (PCS) da empresa Rhodia, desenvolvido, nos anos 80, pelo jornalista Walter Nori(5), o assessor de imprensa é aquela pessoa responsável por intermediar a relação entre o assessorado e os veículos de comunicação. É papel do assessor não só divulgar para jornalistas informações de interesse público, mas também de dar suporte em entrevistas à instituição ou pessoa para quem trabalha, organizar o contato com
A relevância conquistada pelos assessores fez com que eles passassem a sofrer uma pressão por resultados. A lógica é simples: como a área é estratégica, é preciso saber quais são os resultados e os efeitos de seu trabalho. O grande problema é que
Pior, como mensurar a influência do assessor na percepção do público levando em conta as informações publicadas em um determinado espaço de tempo? São questões complicadíssimas. A pesquisadora
“No entanto, mensurar resultados notoriamente qualitativos, como reputação
corporativa e imagem corporativa, tem se mostrado uma tarefa árdua para os
profissionais de Relações Públicas. Some-se a isso, a obtenção de resultados de
longo prazo, característica inerente à atividade, e chega-se a um dos temas que
mais inquieta os profissionais e acadêmicos da área na atualidade: a avaliação
e a mensuração da atividade de Relações Públicas.” (6)
Além disso, não é apenas a reportagem em si que importa. Segundo o pesquisador
A pesquisa acadêmica
A partir dessa contextualização sobre as questões de mensuração e avaliação no âmbito da Assessoria de Imprensa, desenvolveu-se na disciplina Assessoria de Imprensa do curso de Jornalismo do UniCEUB pesquisa de campo com o objetivo de conhecer e identificar as práticas de mensuração e avaliação de resultados que escritórios de comunicação, com sede em Brasília-DF, empregam em suas rotinas com os clientes.
A pesquisa foi desenvolvida entre os meses de abril e junho de
Antes da aplicação dos questionários, foi composta uma lista dos escritórios de comunicação que têm destaques e vêm contribuindo para o aperfeiçoamento da atividade de Assessoria de Imprensa, na capital federal. A escolha foi feita, então, com base na abrangência e no profissionalismo desses escritórios. As empresas escolhidas foram a Informe Comunicação e Marketing, Grupo Labor, Engenho Criatividade & Comunicação e Grupo Máquina8.
Os entrevistados foram submetidos a um questionário de sete perguntas. O objetivo das questões foi (i) elucidar como os escritórios vêem a avaliação de resultados e (ii) apontar alguns dos principais problemas e deficiências existentes quanto à mensuração. Os questionamentos tratavam sobre: (i) a visão das agências em relação à importância da avaliação de resultados em assessoria de imprensa; (ii) o(s) método(s) utilizado(s) por elas; (iii) de quem era a demanda da mensuração (do cliente ou da agência); (iv) quais as maiores dificuldades encontradas nessa área; (v) quais pontos devem ser observados na mensuração;
(vi) qual o perfil do profissional que avalia resultados; e (vii) como o cliente acompanha o processo de avaliação.
Análise dos resultados da pesquisa acadêmica
Por meio da análise dos questionários, verificamos que as agências de comunicação vêem a avaliação de resultados como algo fundamental, tanto para o cliente quanto para o escritório
No tópico – métodos utilizados pelas agências – ficou evidente que a medição dos resultados passa por duas categorias: a quantitativa e a qualitativa. A primeira diz respeito à centimetragem do espaço conquistado por mídia espontânea. A qualitativa observa itens cruciais para a compreensão do impacto das reportagens veiculadas. Segundo as empresas consultadas, esse estudo é o que realmente interessa e é aproveitado pelos escritórios na hora de definir novas estratégias de abordagem junto à imprensa. Em geral, os principais pontos observados são o teor da matéria, o jornalista que a escreveu, a editoria ocupada, o local da página e o veículo em que o material noticioso foi publicado, e a composição da notícia em comparação ao material enviado.
Se os pontos observados nas avaliações são, em geral, os mesmos, as ferramentas utilizadas nas medições variam. Cada empresa de comunicação possui seu próprio instrumento de análise, com sofisticações particulares, criadas para facilitar a exibição dos resultados aos clientes. Entretanto, em todos os casos, o trabalho sempre começa com o clipping.
Uma dessas ferramentas, entretanto, chamou nossa atenção. O Grupo Máquina, que atua em âmbito nacional, desenvolveu um indicador específico para avaliar os resultados: o Índice de Desempenho na Mídia (IDM). Este mecanismo foi criado com base em um estudo de 18 meses, análise de questionário respondido por 500 formadores de opinião e acompanhamento de 50 especialistas
Mesmo com toda essa abrangência, ainda podem ser incluídos outros itens para análise. Ou seja, este instrumento pode ser customizado para cada cliente ou para um caso específico, o que mostra grande profissionalismo do método empregado.
Apesar da profissionalização em avaliação de resultados, ainda há problemas. As principais dificuldades encontradas pelos escritórios giram em torno do desconhecimento do cliente quanto à atividade de comunicação e suas rotinas produtivas. Por não estarem envolvidos com o campo do jornalismo, os contratantes das assessorias têm dificuldade em compreender, por exemplo, o processo de produção da reportagem, a influência da visão do repórter, a força de certos veículos e o impacto que pequenas veiculações podem ter.
Outro aspecto que a pesquisa aponta é o fato de a mensuração não ser feita por profissionais especializados em avaliação de resultados. Pela falta de estudos e de cursos sobre o assunto, os escritórios ficam impossibilitados de utilizar pessoas com formação exclusiva
Conclusão e discussão dos resultados da pesquisa acadêmica
Como já escreveu
Quanto à análise qualitativa, ela possibilita a mensuração isolada de cada caso, desenhando ao avaliador quais foram os pontos fortes e fracos no trabalho realizado, o que o repórter aproveitou da sugestão de pauta, como foi o aproveitamento e em que área/editoria ela foi aproveitada. Assim, as agências têm a oportunidade de determinar, se necessário, novas abordagens junto à imprensa, além de contribuir na descrição do perfil de cada jornalista e veículo trabalhados. A abordagem qualitativa serve muito mais ao monitoramento e avaliação interna do próprio escritório do que propriamente para o cliente.
Na verdade, para os clientes, a centimetragem é o grande espelho do sucesso da assessoria, o que não é verdade. Apesar de ser prático, este mito não representa as reais conquistas que os assessores de imprensa alcançam, uma vez que estão muito mais calcadas em relacionamento de longo prazo e em aspectos contextuais da produção, edição e veiculação de material noticioso. Ou seja, ainda não está na ordem do dia a percepção dos resultados intangíveis pelos clientes, obrigando os escritórios a precificarem seus centímetros/minutos para validar o trabalho que estão gerenciando para o cliente.
Considerações e Visão de Futuro
Para finalizar, achamos interessante destacar que, apesar de todas as dificuldades em relação ao assunto, os escritórios de comunicação possuem métodos relativamente avançados para mensurar os resultados. Seja por meio de erros e tentativas ou por estudo exclusivo sobre o tema, cada um desenvolve sua própria ferramenta de suporte à avaliação dos dados.
No entanto, todas observam os mesmo pontos na análise das reportagens. Isso mostra que, de fato, os itens sobre o contexto da produção/edição/veiculação são cruciais para se compreender o esforço do assessor de imprensa, qual a conseqüência do trabalho e o que será feito dali para frente. Essas observações são fundamentais para que a assessoria possa otimizar as atividades realizadas a fim de atingir resultados mais representativos para o assessorado e de conseguir levar a verdade de forma mais objetiva para o público final.
O assessor de imprensa deve ter sempre em mente que, apesar de lidar diretamente com jornalistas, seu trabalho atinge, indiretamente, a sociedade, que se alimenta das informações publicadas nos veículos de comunicação.
Entretanto, para que os trabalhos das assessorias sejam mais bem reconhecidos, é preciso que os clientes quebrem velhos paradigmas e adquiram uma nova visão sobre a atividade do assessor. A instituição não deve apenas procurar uma assessoria de imprensa porque está “na moda”. Antes, é preciso que as organizações estejam dispostas a conhecer um pouco sobre o universo comunicacional. É preciso aprender coisas básicas. Assim, elas verão que não é apenas o tamanho da veiculação (centimetragem/minutos) que conta na hora de se avaliar resultados. O contexto da publicação é a base primordial para se entender o que influenciou o êxito da estratégia adotada.
(1) Estudante de jornalismo e estagiário da agência de comunicação E-co (paulo.brunet@gmail.com).
(2) Estudante de jornalismo e estagiário do Jornal de Brasília (maumaubrasil@gmail.com).
(3) Estudante de jornalismo e estagiário da Emater (thandrade@hotmail.com).
(4) O Ensaio Acadêmico é produto da pesquisa realizada no âmbito da disciplina de Assessoria de Imprensa, do curso de Jornalismo do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). O Ensaio contou com a orientação e a supervisão da Jornalista, Professora e Mestre em Comunicação pela UnB, Mônica Prado (pradomonica2004@yahoo.com.br).
(5) VALENTE, Célia e WALTER, Nori. Portas Abertas: Plano de Comunicação da Rhodia. São Paulo: Best
Seller,1990.
(6) LOPES, Valéria de Siqueira Castro. As relações públicas como gestor da imagem e a importância da mensuração de resultados
(7) BUENO, Wilson da Costa. Medindo o retorno do trabalho de assessoria de imprensa, in: DUARTE, Jorge (org). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. São Paulo: Atlas S.A., 2 ed., 2006.
(8) Disponível em: www.informe.jor.br; www.maquina.inf.br; www.engenhocriatividade.com.br; www.maquina.inf.br.
Fonte: Paulo Brunet; Maurício Caetano; Thiago Gomide; Mônica Prado Trabalho de Conclusão de Curso da Uniceub/DF
FONTE: TCC Uniceb