Inflexão, cautela e oportunidades: tudo junto, misturado e ao mesmo tempo no marketing de influência

Por Cláudio Garcia*

O marketing de influência constitui grande ponto de contato e campo fértil para o relacionamento entre marcas e consumidores. Embora alguns o considerem um território nebuloso e, até mesmo, polêmico, é consenso entre especialistas o potencial concreto de geração de resultados. Ainda assim, o grande questionamento sobre como será a nova onda de evolução é predominante, pois seu ecossistema vivencia momento de saturação e está em um ponto de inflexão impactado por novos recursos tecnológicos, mudanças no comportamento dos consumidores e demanda crescente por números tangíveis. Este é o cenário apontado pelo Relatório de Benchmark do Marketing de Influência 2025, desenvolvido pelo Influencer Marketing Hub.

O reporte que envolveu pesquisa com profissionais do marketing de influência e lideranças da indústria é a base para a análise do cenário do segmento neste artigo. Globalmente, o marketing de influência deve movimentar US$ 32,5 bilhões apenas neste ano (era US$ 1,4 bilhão em 2014). As cifras não chegam a esse volume à toa. No total, 80% dos profissionais de marketing afirmam que essa frente é uma estratégia altamente efetiva. A presença da inteligência artificial (IA) nas campanhas já é uma realidade e 66,4% dos entrevistados consideram que a integração com a IA melhoram os resultados das campanhas, sendo que 73% acreditam que esse movimento ainda ajudará a consolidar ampla automação de processos.

Mais dados principais do relatório:

  • Nano-influenciadores são 75,9% da base de creators do Instagram
  • 63,8% das marcas têm planos de parcerias com influenciadores em 2025
  • 52,4% apontam o live streaming como formato de conteúdo emergente
  • EUA lideram em posts patrocinados, com 22,7% do total. Brasil é o segundo em volume, com 14,5%
  • Brasil é líder no número de influenciadores no Instagram, com mais de 3,8 milhões de creators, representando 15,8% do conjunto global

O marketing de influência teve sua primeira onda de crescimento tracionada pela ascensão meteórica das plataformas de mídias sociais, entre 2014 e 2019. Logo em seguida, a pandemia puxou a segunda onda. Agora, o crescimento continua expressivo, usualmente na casa dos dois dígitos em todas as regiões do globo. O número de empresas atuante no ecossistema acompanha esse crescimento, passando de 190, em 2015, para quase 7 mil atualmente.

Porém, o entusiasmo ganha companhia da cautela, devido a incertezas macroeconômicas e análise mais minuciosa do ROI à medida que o marketing de influência passou de algo tático para uma disciplina estratégica, com maiores investimentos. Ou seja, o marketing de influência continua desfilando bem, mas vai precisar “sambar” mais para comprovar que gera valor, boa relação custo-efetividade e escalabilidade para as marcas, por meio de otimização das campanhas e mensuração de ROI.

Aliás, esse é uma das principais entregas esperadas a partir de desdobramentos mais aprofundados da integração de IA ao marketing de influência. Nos mercados mais maduros, marcas já direcionam o foco para análises preditivas e potencialização dos resultados das campanhas. Qualquer semelhança com o que também acontece com a automação, no ambiente de publicidade programática, não é mera coincidência. Isso significa que o movimento extrapola aspectos como identificação de influenciadores, curadoria e hiperpersonalização de conteúdo, além de targeting mais preciso.

Outros fatores também despontam em atratividade na briga por maior fatia de investimentos, incluindo possibilidades atreladas ao e-Commerce e social commerce, bem como a integração com plataformas de retail media. Afinal, vendas são o principal driver para ações de marketing de influência.

Principais objetivos das campanhas com influenciadores:

  • 35,6% – Vendas
  • 24,4% – Awareness
  • 18,9% – Trabalhar cocriação com influenciadores
  • 12,4% – Fortalecer o marketing de comunidade

 

Tipos de creators que mais influenciam a decisão de compra, segundo consumidores:

  • 44,4% – Especialistas da indústria e líderes de pensamento
  • 40,1% – Usuários comuns das plataformas que geram conteúdo e nano influenciadores
  • 33,1% – Mega influenciadores
  • 19,8% – Micro-influenciadores
  • 15,5% – Influenciadores virtuais

A pesquisa aborda ainda, entre outros pontos, os canais preferidos, com forte predomínio de Instagram e TikTok. No entanto, o notável crescimento do LinkedIn de um ano para cá demonstra que o marketing de influência pode ganhar força para marcas B2B. Não por acaso, o novo formato de vídeos curtos é a categoria de formato com crescimento mais rápido na plataforma atualmente.

Como tudo referente ao universo digital, o momento do marketing de influência é de transição, com dúvidas, questionamentos, potenciais horizontes de inovação, especialmente a partir do uso de IA, e muitas oportunidades. O relatório completo do Influencer Marketing Hub pode ser encontrado aqui.

*Cláudio Garcia é sócio-diretor da LF & Cia Comunicação Integrada

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