Comunicação Interna 2.0 – a importância da transformação da cultura organizacional

No último dia 03 recebemos na sede da Abracom Alejandro Formanchuk, diretor da Formanchuk & Associados, Presidente da Associação Argentina de Comunicação Interna e especialista em comunicação corporativa. Alejandro participou de um bate-papo com o Grupo de Comunicação Interna da Abracom, a convite da nossa diretora de comunicação e eventos Claudia Cezaro Zanuso.

A conversa começou com cada participante se apresentando e falando sobre sua agência e os desafios na área de CI. Em seguida, Claudia Cezaro apresentou a Abracom e o Caderno de Comunicação Organizacional “Por que investir em Comunicação Interna”, fruto do trabalho do Grupo e lançado em junho, no 16º Congresso de Comunicação Interna do IBC, já disponível para download neste link CCO_Por que investir em Comunicação interna 2012

A diretora ressaltou que um dos focos do congresso foi a atuação do gestor para uma boa comunicação interna.


Em seguida Formanchuk tratou do tema Comunicação Interna 2.0, falando que para que seja realizada, é necessária uma mudança de cultura organizacional. Para ele, não adianta criar ferramentas 2.0 com interatividade, abertura, se a cultura da empresa não atender estes preceitos.

O especialista acredita que estar na rede não significa que você mudou a cultura da empresa, pois existem várias organizações que têm muitas ferramentas de comunicação 2.0 onde as pessoas não participam. Se for feita uma transformação nestas culturas, as ferramentas são consequências do processo. Um exemplo seria inverter a posição do líder, que em uma reunião fala por 90% do tempo, estimulando-o muito mais a ouvir seus liderados,  para que todos possam falar, dar sua opinião, participar. Isso é ser 2.0. 

Formanchuk relatou que em todas as empresas que ele está atuando no momento como consultor, está sendo feito um trabalho na cultura. E faz a pergunta: O que é ser 2.0? O que é ser um colaborador 2.0 ou um líder 2.0? Não adianta ter participação das pessoas, é necessário criar valor. Participar é muito diferente de colaborar. Ser 2.0 é um desafio e significa distribuir. Ele ainda afirmou que de nada vale a empresa ter firmado em papéis seus compromissos com colaboradores dizendo, por exemplo, que valoriza a família e quando um colaborador precisa visitar um parente doente, lhe é negado. É preciso ter coerência com o que se diz e o que se faz.

Não dá para implantar uma comunicação 2.0 se a empresa é 1.0.

“A ferramenta é o que menos comunica”.

Formanchuk está convencido de que na maior parte do tempo a mensagem vem por outros caminhos, como por exemplo, o ambiente físico de trabalho. Ele nos desafiou, perguntando quanto tempo por mês as pessoas gastam para olhar as ferramentas, seja um mural, uma revista interna etc. Os meios são commodities e não a solução para a comunicação interna.

A comunicação não faz milagres, tudo o que está ao redor tem significado para o colaborador, um bom líder, um bom lugar para se trabalhar, uma boa cultura. Sem isso, não há estratégias de comunicação que resolvam. Para ele, até o colaborador que você demite, contrata ou promove é uma forma de envio de mensagens para o restante da equipe.

“O que é engajamento?”

Para muitos líderes, de acordo com Formanchuk, engajado é o colaborador que está há anos na empresa, que nunca pede aumento e que ficará trabalhando lá até se aposentar.

Izolda Cremonine (ESPM e C&M Comunicações) afirmou que a comunicação não cria engajamento, ela contribui para a cultura da organização.

O especialista disse que não podemos fazer pela organização mais do que sua cultura permite, e que os comunicadores muitas vezes prometem o que não podem cumprir. Para ele, a maioria das empresas na América Latina não está preparada para a cultura 2.0, ainda.

Questionado por Dora Mendonça (FSB) sobre qual seu conceito para Comunicação Interna, Formanchuk disse que são mensagens que circulam tanto de dentro pra fora da organização, quanto de fora pra dentro, pois os colaboradores levam e trazem estas mensagens. CI também é o como estas mensagens circulam.

Ele acredita que o problema não está no como a mensagem é enviada ou como ela chega, mas sim, que a empresa e os colaboradores creiam no que está sendo divulgado. Credibilidade é tudo, os colaboradores devem acreditar no que o líder lhes diz, no que a empresa transmite pra ele. Muitas empresas acreditam que bons líderes são os bons oradores, mas confundem um bom orador com um bom comunicador. É preciso menos palavras e mais comunicação.

“Nossa profissão está comoditizada então temos que mostrar o valor agregado, o como o conteúdo gerado para os colaboradores será valor para a empresa, como eles irão receber tudo que é comunicado”, afirmou Formanchuk. Ele ainda pergunta: o que as empresas fazem para que os colaboradores creiam nas publicações que lhe são enviadas?

Para finalizar, Formanchuk deixou uma reflexão interessante: não existem softwares para vender estratégia de comunicação, só comunicadores.

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