Silvia Dias
Vá a um seminário sobre internet e mídias sociais e invariavelmente você ouvirá que a indefectível afirmação de que a empresa não é mais dona de sua marca, que no Admirável Mundo Novo tornou-se propriedade legítima de seus usuários e consumidores. Soa lindo, mas na prática as coisas são um pouco mais complicadas.
Explicando: a partir do momento em que eu, consumidor, sou engajado com uma marca e adquiro o produto / serviço referente a ela, sinto-me legitimamente dono dela. Afinal, gastei dinheiro (ou tempo) consumindo aquele logotipo! A tal da experiência de marca da qual tanto falam os marqueteiros é também um momento de apropriação: eu passo a ter uma relação com ela, portanto me torno sujeito não só do ato de consumir, mas também de dialogar. A partir daí, portanto, não é surpresa se eu começar a produzir conteúdo a partir da marca.
Quando o conteúdo produzido espontaneamente pelos consumidores, colaboradores, fornecedores, comunidades ou outros stakeholders é positivo, ele é apresentado como um case de sucesso para o mercado! Quando é negativo, denominamos crise e chamamos uma agência para gerenciá-la. Mas será que é assim mesmo? Afinal, o conteúdo positivo gerado espontaneamente também pode ser uma crise, se não resultar em co-participação da empresa!
Nas duas situações o que temos é geração espontânea de conteúdo – poucas são as empresas ou marcas que estimulam seus públicos de interesse a co-criarem e a co-utilizarem o que a empresa cria. Em uma época em que essa conduta tende a se tornar cada vez mais comum, não arriscar-se ao diálogo é que se torna o maior risco. E o enorme potencial de diálogo que a internet e as redes sociais oferecem ainda não é devidamente aproveitado pelas empresas porque ainda prevalece a premissa do direito autoral / direito de marca.
Você já pensou em criar peças de publicidade ou comunicação institucional sob a égide do Creative Commons? Em fazer isso intencionalmente? Que mundo de possibilidades são abertas quando os públicos aos quais as peças de comunicação se dirigem são vistos como co-autores, co-criadores! Assista ao vídeo abaixo para entender melhor o conceito e solte sua imaginação! Quem sabe sua próxima campanha de comunicação (interna ou externa) não integrará a criação coletiva como elemento de feedback e repercussão! Pense nisso!
E note que ao longo deste texto eu usei a palavra diálogo, e não monólogo ou panegírico
Fonte: Site Aviv – www.avivcomunicacao.com.br
FONTE: Aviv