Novas contas e o amadurecimento das agências

Esse ano de 2004, na média, para as agências de comunicação, parece repetir 2003, o que quer dizer que mesmo não sendo ruim de todo possivelmente não poderá ser comemorado como um ano excepcional. Tudo faz crer que ficará longe dos anos de ouro, quando o setor conviveu com um boom, atingindo taxas médias de crescimento da ordem de 20% ao ano – isso entre 1998 e 2002.  

 

De todo o modo, o mercado continua vigoroso, movimentado e, pelo que temos acompanhado, com muito trabalho, felizmente. A questão, como comentam inúmeros donos de agências, é a rentabilidade, que caiu muito nesses últimos tempos, fruto sobretudo da crise que levou inúmeras organizações a cortar na carne os investimentos em comunicação. 

 

Há obviamente uma aposta na retomada até porque sabe-se que os investimentos em assessoria de imprensa e em comunicação corporativa estão entre os que custam menos e mais retorno oferecem para as organizações. 

 

Dinâmico, o mercado movimenta-se em todas as direções. E a dança das contas, entre as agências, não pára. 

 

Algumas conquistas até surpreendem, caso da conta da Câmara de Comércio e Indústria Brasil e Iraque, que acaba de ser assumida pela Dança da Chuva. E não deixa de ser curioso que essa conta fosse entregue a uma agência com um nome tão sugestivo. Superstições à parte, o fato é que a agência presidida por Nei Bonfim tem já uma desafiadora missão: divulgar a vinda ao Brasil de uma delegação oficial iraquiana, a negócios, no início de outubro – a primeira em cerca de 15 anos. 

 

Outra conquista curiosa foi anunciada pela Bansen & Associados. A agência dirigida por Bia Bansen e Alexandre Moreno assumiu a assessoria da FebraBingo, a Federação Brasileira de Bingos, entidade com associados nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Bahia. Um cliente com esse perfil, sob fogo cruzado permanente, não deixa de representar um desafio e uma excepcional oportunidade de atuação, obrigando os profissionais a valerem-se de todo o seu repertório para ter sucesso na empreitada – tanto em relação à mídia e à opinião pública, quanto junto ao próprio cliente. 

 

Filantropia também tem seu espaço. A Organização Internacional do Trabalho – OIT, por exemplo, anunciou que a CDN – Companhia de Notícias, dirigida por João Rodarte e Yara Perez, aceitou colaborar com a Campanha Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo, através da filial Brasília. O trabalho, a propósito, vem sendo desenvolvido desde o início de setembro e envolve divulgação, assessoria em estratégia de comunicação e organização de encontros dos gestores do programa com jornalistas.  

 

Curiosamente, tivemos também, nos últimos dias, três agências anunciando rescisões contratuais, por motivos diferentes. 

 

A Máquina da Notícia, presidida por Maristela Mafei, por exemplo, comunicou ter tomado a iniciativa de retirar-se da Comunicação da Fiesp ao término do mandato de Horácio Lafer Piva, de modo a deixar à vontade – e a poupar de eventuais constrangimentos – o novo presidente que assume o comando da instituição nesta próxima sexta-feira (24/09). Nada mais natural, estratégico e maduro do que entregar um cargo ou uma conta, quando a oposição vence, como foi o caso de Paulo Skaf, na Fiesp. 

 

A ADS, comandada por Antonio De Salvio e Ingrid Rauscher, uma das mais tradicionais agências do País, rescindiu contrato com uma multinacional que, em tese, dá água na boca de qualquer fornecedor, a Aventis Pharma (atual Sanofi-Aventis). Para compensar, anunciou a chegada de dois novos clientes: a Unisoap (detentora da marca Francis) e a editora BookMídia. 

 

Outra agência que anunciou o fim de um contrato foi a Edelman, dirigida, no Brasil, por Vivian Hirsch. A agência comunicou ao mercado que não possui mais a Mastercard como cliente e o fez com naturalidade, recomendando aos que precisassem se comunicar com a empresa que a procurassem diretamente, através dos contatos informados no comunicado.  

 

A semana foi mesmo rica em situações atípicas e até parceria internacional entrou no menu. A Intermeio, de Regina Sion, e a argentina Verbo Comunicación, que tem sede em Buenos Aires, firmaram parceria, passando a atuar de forma conjunta para clientes com interesses nos dois mercados.  

 

Outro tema que entrou no cardápio deste mercado, dias atrás, foi o societário: a Lítera, de Maria Luíza Paiva, que tem clientes como o Grupo Estado (jornais O Estado de S.Paulo, Jornal da Tarde, Agência Estado e Rádio Eldorado), anunciou a chegada de Eliel Cardoso, ex-assessor da Nestlé e também da Philip Morris, como sócio, apostando na expansão dos negócios. 

 

Vemos, pois, com tantos e tão diversificados exemplos, que o setor não só cresceu e se desenvolveu como também amadureceu. 

 

Há, é claro, muito a avançar, mas o caminho está aberto e novas conquistas certamente virão. Ao menos tudo faz crer que assim será. 

 


FONTE: Comuniquese

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