Um grupo de empresários do setor de relações públicas (RP) – uma das áreas mais dinâmicas apesar do emagrecimento do setor de mídia dos últimos anos – está propondo ao governo federal uma mudança nas regras para a contratação dos seus serviços de assessoria de imprensa.
A idéia é que o governo federal realize concorrências públicas exclusivas para o setor de RP. Não há nenhuma restrição legal, mas hoje as verbas públicas destinadas para a área de comunicação do governo acabam nas mãos das agências de publicidade, que, geralmente, subcontratam os serviços de jornalistas ou outras empresas.
A sugestão não agrada as agências de publicidade. O esforço do setor é tentar convencer o governo da importância da comunicação e permitir a contratação direta das empresas de RP. "Vamos ter agora a mesma batalha que as agências de publicidade tiveram nos anos 70", diz João Rodarte, presidente da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom), criada há um ano com o objetivo de organizar os interesses do setor e que reúne 87 empresas.
Como exemplo, Rodarte lembra os gastos de comunicação do governo americano, que investiram US$ 1,45 bilhão em RP –
incluindo os serviços de lobby – de um total de US$ 3,2 bilhões. No Brasil, as verbas de comunicação da Presidência da República são estimadas em R$ 150 milhões, mas os dados sobre o desembolso em serviços de assessoria de imprensa é desconhecido. Rodarte, que também é sócio da CDN, uma das maiores empresas do ramo, diz que a sugestão foi encaminhada à Secretaria de Comunicação (Secom), órgão ligado à Presidência. Consultada, a Secom não
respondeu ao pedido de entrevista.
O presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), Dalton Pastore, prefere o atual regime. Acha que o modelo vigente poupa tempo e permite ganhos com eficiência dos setores
envolvidos na comunicação do governo. "Traz mais sinergia", justifica.
Autodenominadas como agências de comunicação, as empresas ligadas à Abracom, que representam cerca de 80% das companhias mais importantes do mercado, exercem não apenas as atividades de assessoria de imprensa, ainda seu principal negócio, mas atuam cada vez mais em outras áreas na relação com a mídia, gerenciando a imagem de empresas em crise e atuando na comunicação interna das companhias.
Uma pesquisa encomendada pela Abracom e realizada pela EP – Escritório de Pesquisa Eugênia Paesani mostrou um salto do setor
na última década. Estima-se que existam mais de mil empresas em todo o país. Mais de 70% das empresas associadas à entidade foram criadas a partir de 1991. Quase a metade delas fatura até R$ 500 mil e emprega até 5 funcionários. O faturamento total supera R$ 100 milhões. Nos últimos anos, as empresas também se constituíram em um grande mercado para profissionais oriundos dos veículos tradicionais de mídia, como jornais, revistas e
emissoras de televisão, que enxugaram seus quadros de pessoal.
A oferta de emprego nas agências de comunicação registra um aumento de 10% ao ano. Em maio, empregavam 1.345 profissionais, 119 a mais do que em dezembro. A Abracom também elaborou um código de ética.
FONTE: Valor Econômico