Em pouco mais de dez anos, o setor de serviços de comunicação cresceu 150%, conforme mostra o primeiro estudo sobre o segmento feito pela Associação Brasileira de Agências de Comunicação (Abracom). A entidade faz nesta terça-feira, dia 10, um balanço de seu primeiro ano de vida e lança o código de ética do setor, a ser aprovado em assembléia na mesma data. "Foi uma evolução muito rápida, inspirada no modelo norte-americano e na demanda das corporações", diz o presidente da associação, João Rodarte. A pesquisa encomendada pela Abracom ao EP – Escritório de Pesquisa Eugênia Paesani -, que realiza estudos de marketing, comunicação, mídia e opinião pública no Brasil e na América Latina, ouviu 74 empresas associadas à entidade.
De acordo com Rodarte, a associação concentra 80% das mais importantes agências de comunicação do País – 87 empresas, das quais 54 estão em São Paulo e 20 em outros Estados. Além de mostrar o salto quantitativo do mercado, o estudo mostra a diversificação dos serviços nessa área e o crescimento de 10% no número de empregos criados anualmente pelas empresas do setor.
Elas estão classificadas pelo faturamento registrado no ano passado. A maioria é formada por pequenas empresas, com até cinco funcionários e faturamento anual de R$ 500 mil. "Há muitos jornalistas que prestam esses serviços como autônomos, de casa", lembra o secretário executivo da Abracom, Carlos Henrique Carvalho. "Há um grande mercado informal", reforça a pesquisadora responsável pelo estudo, Eugênia Sarah Paesani. Embora este primeiro levantamento não revele o faturamento do setor no País, a Abracom estima que existam mil empresas no Brasil e o faturamento anual do mercado seja de R$ 700 milhões.
A pesquisa aponta que as maiores empresas de comunicação faturam mais de R$ 5 milhões anuais. Em reportagem publicada por Meio & Mensagem, em outubro de 2002, sobre a ascensão do conceito de relações públicas na estratégia das marcas, dados extraídos do Balanço Anual da Gazeta Mercantil demonstravam crescimento de 16,5% do setor em 2001. João Rodarte, sócio da CDN, uma das líderes desse segmento, diz que para este ano a projeção é incerta. "Inicialmente estimamos 20%, mas não imaginamos que o mercado fosse prorrogar suas decisões por todo o semestre", justifica.
A expectativa fica para a segunda metade do ano, com a entrada dos investimentos do governo federal em comunicação – R$ 150 milhões – e a execução de projetos nas áreas de eventos e publicidade institucional, serviço que nos últimos anos as agências de comunicação passaram a oferecer. "Os recursos destinados pelo governo para comunicação são poucos, e a maior parte vai para a publicidade", comenta Rodarte.
Uma das principais frentes de atuação da Abracom é justamente abrir a possibilidade de concorrência para prestação desses serviços ao governo. Hoje as empresas atuam nesta esfera por intermédio das agências de publicidade, que comandam as verbas. "As reuniões em Brasília com o secretário-adjunto de Comunicação, Marcus Vinícius di Flora, foram bem proveitosas", conta João Rodarte. Segundo ele, Di Flora deixou clara a intenção do ministro Luiz Gushiken de contratar agências de comunicação para atender às demandas de informação. O que a Abracom ainda não sabe é como essas concorrências serão tratadas no âmbito legal, mas já está em contato com o Tribunal de Contas da União também.
A mesma aproximação tem sido feita com governos e tribunais de contas estaduais, como o do Paraná. A Companhia de Notícias (CDN), empresa de Rodarte, atende as contas da Prefeitura de Vitória há seis anos, do governo do Espírito Santo e da Prefeitura de Salvador. "Nos Estados Unidos, o governo federal investe US$ 3,2 bilhões em comunicação, dos quais US$ 1,4 bilhão vai para relações públicas", cita o presidente da Abracom, ao defender maior atenção do poder público à comunicação.
FONTE: Meio & Mensagem