A imensa votação obtida pelo candidato Luiz Inácio Lula da Silva nos dois turnos eleitorais, que o conduzirão à Presidência da República do Brasil a partir do próximo dia 1º de janeiro, e a transição comandada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso são mais clara e inequívoca manifestação do enraizamento da democracia no país.
O segundo homem mais votado da história da Humanidade, numa democracia, tem, uma dificílima missão pela frente: governar um País de desigualdades visíveis e históricas e promover as mudanças prometidas sem comprometer a estabilidade política, econômica e social, hoje uma das mais importantes conquistas dos 175 milhões de brasileiros espalhados por esse imenso continente chamado Brasil – conquista essa que tem em Lula e em toda uma geração seus grandes ícones.
Missão tão nobre poderá pouco ou nada valer se, mesmo cumprindo boas partes das promessas formuladas, o Governo falhar na Comunicação com a sociedade brasileira e com a comunidade internacional.
Há no mundo moderno uma nova consciência e o desejo de transparência em relação a tudo aquilo que emana do Poder Público.
Há, em cada cidadão, o desejo de ser bem informado e a exigência de acesso a canais ágeis e confiáveis de divulgação, o interesse em interagir levando às autoridades críticas e sugestões, a expectativa de medir com precisão as conseqüências das decisões oficiais na vida de cada um.
Comunicar-se, num contexto de uma rede de interesses tão díspares quanto legítimos exigirá do novo Governo uma ação planejada, corajosa, democrática e integrada. Uma ação que combine o uso equilibrado das diferentes ferramentas da comunicação. Uma ação que se valha das técnicas e profissionais que possam levar a cabo com destreza e eficácia tarefa tão estratégica.
No caso do Brasil atual e do novo Governo Lula, a missão tem ainda um componente adicional da maior importância, que poderá fazer a diferença para o sucesso ou para o fracasso da administração petista: migrar o foco da mídia e dos formadores de opinião da especulação para a produção, de modo a que a sociedade, como um todo, passe a discutir e a conhecer, em maior profundidade, as realizações do País.
E isso só será possível com Comunicação. Com Comunicação de boa qualidade, equilibrada, transparente e constante. A Comunicação de duas vias, que informa e ouve, que dissemina e percebe, que leva fatos e traz anseios, que forma imagem sem falsear a realidade, que integra e agrega valor à qualidade de vida das pessoas, que pesquisa e forma opinião.
É uma realidade inescapável das sociedades democráticas e economicamente desenvolvidas a presença de uma teia de relações cada vez mais complexas, a demandar mediações para que estas relações possam fluir de maneira institucionalizada, sem abalos que criem riscos à sociedade.
As grandes organizações brasileiras e mundiais sabem disso há muito tempo e é por esta razão que investem muito em Comunicação com objetivos institucionais e corporativos. Também os governos das nações desenvolvidas valem-se de forma intensa dessa Comunicação para atingir seus objetivos institucionais.
Esse é um desafio para o novo Governo: distribuir de forma mais equânime seus investimentos na área, de forma a combinar ações da Publicidade e Propaganda, focada em Marketing, com a Comunicação Institucional, focada na informação e no relacionamento com os vários públicos.
Temos hoje, no Brasil, centenas de empresas especializadas em Comunicação Institucional e Corporativa que nada ficam a dever às congêneres dos países desenvolvidos e que podem, perfeitamente, apoiar um trabalho dessa magnitude junto ao Governo Federal, do mesmo modo que estão aptas a atuar junto às demais esferas públicas de âmbito estadual e municipal.
Reunidas em torno de uma Associação, a Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação) essas empresas têm hoje capacidade técnica e profissional para atuar com eficácia junto à área pública. Todo o know how que hoje é dedicado quase que exclusivamente ao setor privado poderá ser levado, com resultados certamente expressivos, para o setor público, tendo como maior beneficiária a sociedade brasileira.
O novo Governo, como se vê, tem uma chance de ouro de empreender mudanças e ser bem sucedido com elas, desde que sejam mudanças que levem o País e seu povo a um novo patamar de desenvolvimento. A Comunicação, nesse cenário, poderá ser a pedra de toque das novas conquistas e de um novo tempo.
Da mesma forma que desejamos boa sorte, propomos ao novo Governo boa Comunicação. O País só tem a ganhar com isso.
*Diretoria da Abracom ? Associação Brasileira das Agências de Comunicação